Acabei de ler uma matéria, no Jornal do Commércio de hoje, 30 de agosto, sobre a crise na segurança pública do Estado. Os jornais de hoje foram muito felizes - quando é possível elogiar a gente elogia - numa espécie de encadeamento de matérias que nos ajudam a entender e dimensionar os problemas econômicos e políticos que atravessam a administração pública brasileira. O tradicional Diário de Pernambuco traz uma matéria sobre os repasses do Governo Federal para o Estado, que minguarem até o limite. No ano de 2015, praticamente, nenhum recurso de emendas teriam sido liberados, o que explica o montante de obras paradas no Estado. Há de se dá um desconto aqui à veracidade dessa informação, algo que precisa se melhor checado.
Por outro lado, não se pode, simplesmente, negar que os problemas existem. O próprio Governo Federal vem fazendo algumas tentativas de ajustes na máquina, embora essas medidas não sejam assim tão eficientes. Cortou ministérios, fundiu outros, mas, no final, a economia foi insignificante. Em termos de DAS, por exemplo, foram apenas 1000 cargos, de um quantitativo 22 mil, além de uma série de outros penduricalhos, como as funções gratificadas. A rigor, se considerarmos as demandas da população, proporcionalmente, o quadro de servidores públicos no Brasil ainda é insuficiente, sobretudo em áreas estratégicas, onde já se observa um contingenciamento de recursos. Em entrevista ao JC, o Secretário de Planejamento do Estado, Danilo Cabral, acerta na mosca: a crise econômica está afetando sensivelmente a gestão da máquina pública. Aqui na província só se fala em cortes na máquina.
A Polícia Civil do Estado adotou uma espécie de "Operação Padrão", o que vem contribuindo sensivelmente para o "emperramento" de suas ações. O quadro de servidores da Polícia Civil já é deficitário e, com essa Operação Padrão, as ações ficam ainda mais comprometidas. Considero que é preciso muita criatividade para enfrentar esses problemas. Uma greve, agora, não seria nada recomendável. As ações do Estado seriam no sentido de punir os grevistas e a Justiça decretaria, de imediato, a ilegalidade, aplicando multas pesadas ao sindicato da categoria. O diálogo com a população sobre os problemas da corporação e de segurança pública do Estado - como já presenciei em alguns momentos - talvez seja mesmo uma medida pedagógica e suficiente nas condições atuais.
O resultado disso é que o Pacto pela Vida está sofrendo refregas pesadas. Os índices de violência estão pipocando no Estado. Apenas para ficarmos no campo policial, de ontem para hoje, dois policiais foram mortos em condições inusitadas. Uma policial civil, morta quando se deslocava no seu carro, nas imediações da cidade de Abreu e Lima. Teria reagido a uma tentativa de assalto, baleado o assaltante, mas foi alvejada por diversos disparos e não resistiu aos ferimentos. Hoje, no bairro de Apipucos, um soldado atirou num Cabo, dentro da viatura, depois de, supostamente, uma discussão envolvendo a questão de cotas.
A coisa está feia mesmo. Aqui em Olinda, a população vem realizando vários encontros com a Polícia Militar, nos sentido de minimizar os altos índices de assaltos, em todos os bairros. Penso que isso até ajuda, uma vez que segurança pública exige a participação dos diversos atores. Mas é preciso enfatizar que o Estado precisa fazer a sua parte e, a rigor, diante das circunstâncias, isso não vem ocorrendo. Como falamos no início, um encadeamento bastante preocupante, refletindo até no stress dentro das próprias viaturas.
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