José Luiz Gomes
No último dia 13 de agosto foi comemorado um ano da morte do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Por sinal, muito bem comemorada, envolvendo um conjunto de celebrações e homenagens. Pelo andar da carruagem política, sua memória não se apagará tão cedo entre os pernambucanos, seja da capital, seja do interior, como bem observou o cientista político e professor da UFPE, Michel Zaidan Filho. No interior, inclusive, essas homenagens revestiram-se de um caráter telúrico, genuíno, assim como a feijoada, a tapioca, a buchada de bode ou a rapadura. Na ausência física do líder político do grupo, muitos deles tentarão sobreviver desse banquete totêmico, embora as diferenças internas estejam cada vez mais evidentes, indicando que, do além, o ex-governador não teria condições de manter sob rédias curtas o destino do grupo político que ele arregimentou - e, de certa forma formou - aqui no Estado.
Momentos cruciais para observarmos esse termômetro das possíveis cisões internas são as eleições. Aqui as disputas são por postulações. Se o grupo mantém a hegemonia de poder, ainda assim, é possível acomodá-los de alguma forma. Se o grupo perde as eleições, aí, então, ninguém sustenta a sangria, muitas vezes justificadas em torno da procura de "bodes expiatórios", apontados como culpados pelo desfecho negativo. Em 2016 teremos um primeiro e decisivo teste para o grupo político do ex-governador. No apogeu da "crise de gestão" do ex-prefeito João da Costa(PT), não sei se vocês se lembram, o PSB se propôs a ajudá-lo, com conselhos e um conjunto de medidas que poderiam contribuir para a melhoria do desempenho da máquina pública municipal. Sob a rubrica das parcerias entre a máquina estadual e a máquina municipal - e com o intuito de articular as ações - tratou-se, para alguns analistas, na realidade, de uma intervenção branca.
Em vários momentos, o PT mordeu a isca jogada pelo ex-governador, fragilizando, segundo ainda Michel Zaidan, a possibilidade de constituir-se numa força política independente e autônoma no Estado. Uma oportunidade única, onde o cavalo selado parece que passou batido. O assédio do PSB ao Palácio Antonio Farias era evidente e ainda contava com o apoio de alguns petistas do tipo queijo do reino.Naquela época, penso que muito em razão dos projetos presidenciais do ex-governador - e também de olho grande numa capital de projeção nacional como o Recife - havia algumas motivações evidentes, além da existência dos estrategistas e formuladores do grupo.
Com a morte do ex-governador, parece ter sobrado apenas os executores, cumpridores de missões, como é o caso de Geraldo Júlio e do governador Paulo Câmara. Falta inspiração a ambos, criatividade para o manejo da máquina. Habilidades políticas não se desenvolvem do dia para a noite. Há aqui um flanco que permanecerá aberto durante alguns anos nas hostes neo-socialistas do Estado. Uma fenda de jogada estratégica do tabuleiro que, se bem explorada pela oposição, poderá jogar os "executivos" do grupo no limbo da história política do Estado.
Em vários momentos, o PT mordeu a isca jogada pelo ex-governador, fragilizando, segundo ainda Michel Zaidan, a possibilidade de constituir-se numa força política independente e autônoma no Estado. Uma oportunidade única, onde o cavalo selado parece que passou batido. O assédio do PSB ao Palácio Antonio Farias era evidente e ainda contava com o apoio de alguns petistas do tipo queijo do reino.Naquela época, penso que muito em razão dos projetos presidenciais do ex-governador - e também de olho grande numa capital de projeção nacional como o Recife - havia algumas motivações evidentes, além da existência dos estrategistas e formuladores do grupo.
Com a morte do ex-governador, parece ter sobrado apenas os executores, cumpridores de missões, como é o caso de Geraldo Júlio e do governador Paulo Câmara. Falta inspiração a ambos, criatividade para o manejo da máquina. Habilidades políticas não se desenvolvem do dia para a noite. Há aqui um flanco que permanecerá aberto durante alguns anos nas hostes neo-socialistas do Estado. Uma fenda de jogada estratégica do tabuleiro que, se bem explorada pela oposição, poderá jogar os "executivos" do grupo no limbo da história política do Estado.
Não sei quem poderá assumir o papel de "condutor político" do grupo. Existem alguns nomes com este perfil, mas foram, ao longo dos anos, submetidos à liderança incontestável do ex-governador, posto que mais independentes em relação aos "executivos". Alguns desses nomes, preteridos no processo, são um poço até aqui de mágoas. Estes elegeram até os "novos aliados" como interlocutores mais privilegiados e confiáveis para os seus diálogos políticos. Dizem que essas conversas não tem nada a ver com a província, mas não engolimos essa história. Um nome que se coloca como herdeiro político do grupo é o escritor Antonio Campos que, pelo andar da carruagem política, deverá candidatar-se às eleições municipais de 2016, na cidade de Olinda.
O escritor, um ilustre desconhecido das urnas, embora bem articulado no campo literário, em mais de um momento, já deixou claro que o capital político construído pelos Arraes/Campos não seria abandonado. Se ele for bem-sucedido na empreitada, poderá tornar-se numa espécie de "batedor", ou seja, aquele que abrirá as trilhas por onde deverão caminhar as novas gerações familiares.Certamente, a família Campos não abdicará de ceder o espólio político para qualquer um. O candidato a sucessor político do ex-governador deverá sair mesmo do clã familiar. Os dois filhos mais velhos de Eduardo Campos já começam a usar o púlpito, numa demonstração inequívoca de que estão se preparando para assumir o leme político do grupo.
Ainda é cede para dizer quando eles entrarão de sola no jogo, disputando eleições, mas o terreno sem dúvida está sendo preparado. Pensou-se até que a viúva, Renata Campos, poderia assumir esse papel, mas a observo um pouco reticente, como quem deseja, de fato, que os rebentos possam cumprir essa missão. Num momento de incontinência verbal, o governador Paulo Câmara deixou escapar que poderá apoiar o nome de Pedro Campos, filho do ex-governador, já nas eleições de 2018.Essas "peças" entretanto, que poderiam representar uma possível esperança de sobrevivência política do grupo, pelas razões expostas, ainda não poderão ser acionadas a todo gás, apenas pontualmente, como, aliás, já vem ocorrendo, nos eventos alusivos ao ex-governador.
Ora pela prematuridade e ausência de preparação, ora pelo perigo de "queimar o cartucho", expondo-as a uma situação desfavorável, num momento ainda inoportuno. É preciso tomar muito cuidado nessa hora. "Muito cuidado" nessa hora, entretanto, poderá estimular as lutas internas pelo espólio político do grupo do ex-governador, num jogo intrincado de alianças internas, expondo feridas nunca devidamente cicatrizadas. É neste cenário que o senhor Geraldo Júlio deverá enfrentar as urnas, em 2016, para continuar como inquilino do Palácio Antonio Farias, por mais 04 anos.
O escritor, um ilustre desconhecido das urnas, embora bem articulado no campo literário, em mais de um momento, já deixou claro que o capital político construído pelos Arraes/Campos não seria abandonado. Se ele for bem-sucedido na empreitada, poderá tornar-se numa espécie de "batedor", ou seja, aquele que abrirá as trilhas por onde deverão caminhar as novas gerações familiares.Certamente, a família Campos não abdicará de ceder o espólio político para qualquer um. O candidato a sucessor político do ex-governador deverá sair mesmo do clã familiar. Os dois filhos mais velhos de Eduardo Campos já começam a usar o púlpito, numa demonstração inequívoca de que estão se preparando para assumir o leme político do grupo.
Ainda é cede para dizer quando eles entrarão de sola no jogo, disputando eleições, mas o terreno sem dúvida está sendo preparado. Pensou-se até que a viúva, Renata Campos, poderia assumir esse papel, mas a observo um pouco reticente, como quem deseja, de fato, que os rebentos possam cumprir essa missão. Num momento de incontinência verbal, o governador Paulo Câmara deixou escapar que poderá apoiar o nome de Pedro Campos, filho do ex-governador, já nas eleições de 2018.Essas "peças" entretanto, que poderiam representar uma possível esperança de sobrevivência política do grupo, pelas razões expostas, ainda não poderão ser acionadas a todo gás, apenas pontualmente, como, aliás, já vem ocorrendo, nos eventos alusivos ao ex-governador.
Ora pela prematuridade e ausência de preparação, ora pelo perigo de "queimar o cartucho", expondo-as a uma situação desfavorável, num momento ainda inoportuno. É preciso tomar muito cuidado nessa hora. "Muito cuidado" nessa hora, entretanto, poderá estimular as lutas internas pelo espólio político do grupo do ex-governador, num jogo intrincado de alianças internas, expondo feridas nunca devidamente cicatrizadas. É neste cenário que o senhor Geraldo Júlio deverá enfrentar as urnas, em 2016, para continuar como inquilino do Palácio Antonio Farias, por mais 04 anos.
Não está sendo fácil. A despeito das pesquisas de avaliação de gestão apontarem um quadro minimamente sob controle, os eleitores, cotidianamente, dizem justamente o contrário. A eduardodependência também se constitui num grave problema. Penso que a Pedagogia da Autonomia não era, necessariamente, o livro de cabeceira do ex-governador. Tanto no Palácio Antonio Farias quanto no Palácio do Campo das Princesas é visível a ausência de um pêndulo político que atendia pelo nome de Eduardo Campos. Diante do exposto, como dizem os advogados, com os flancos abertos, Geraldo terá inimigos ousados dentro e fora do contexto de sua composição política, alguns deles dispostos a reassumiram a condição de grandes lideranças políticas de um passado recente.
Há um deles, ex-governador e prefeito por dois mandatos, que está recebendo romarias de políticos com regularidade. Todos esses políticos estariam fazendo um chamamento para que ele assuma uma candidatura à Prefeitura do Recife nas próximas eleições. Conforme já afirmamos, há um evidente vácuo de liderança política no Estado. E, em política, esses vácuos não costumam deixar de ser ocupados por muito tempo. O assanhamento das raposas é visível. Sem traquejo para o manejo político do grupo, o senhor Geraldo Júlio deverá sofrer bastante com o fungado no cangote. Política não é para amadores.
P.S.: do Realpolitik: Um leitor assíduo observou que nessa série de artigos, carregamos menos nas críticas, o que deixa transparecer uma contradição com a linha editoral do blog. De fato, ele tem razão. Ocorre, porém - se isso justifica alguma coisa - que essa série de artigos preocupa-se apenas em observar as movimentações dos atores políticos no tabuleiro, suas investidas, seus recuos, reticências, jogadas equivocadas, lances acertados. Anpassant, mais apenas anpassant, não deixamos de tecer nossas ponderações críticas, mas com a tinta menos carregada do que em outros momentos. Ademais, caro leitor, o artigo é sempre escrito próximo aos finais de semana, junto com as crônicas do cotidiano, quando nossos pensamentos estão mais leves, de olho nas verdinhas com joelho de porco, das sextas-feiras. Um forte abraço e apareça sempre por aqui.
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