José Luiz Gomes
Tivemos uma semana movimentada no tabuleiro do xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife. Alguns lances dignos de um xeque-mate, e um "cozidão" indigesto e azedado para alguns atores políticos importantes, diretamente envolvidos nessas disputas. O escritor Antonio Campos, provável candidato às próximas eleições municipais de Olinda, manteve uma longa conversa com o pessoal do Partido Verde, possivelmente tratando da plataforma de sua possível candidatura à Prefeitura da Marim dos Caetés. Começaria por Olinda sua inserção efetiva na política partidária e eleitoral, saindo dos bastidores e assumindo, de uma vez, a condição de herdeiro do espólio político do ex-governador Eduardo Campos.
O quadro dos arranjos partidários e aliancistas para ele, em Olinda, tende a não ser nada facilitado. Talvez seja por isso que uma fonte ligada a uma ex-prefeita do município tenha dito que ele se encontra "isolado". A aliança PCdoB e PT, naquele cidade, sempre foi uma relação entre tapas e beijos, mas, no final, em nome dos interesses dos dois grêmios, eles acabam construindo um consenso, isolando as pretensões petistas de lançar uma candidatura própria. Nada nos sugere que, desta vez, poderia ser diferente, embora a deputada Teresa Leitão(PT), continue mantendo a condição de eterna postulante.
O PMDB deverá vir com o nome do deputado estadual, Ricardo Costa(PMDB), como candidato, possivelmente com o aval do padrinho Jarbas Vasconcelos. Augusto estava todo sorridente no último cozido oferecido pelo deputado - como bem observou a blogueira Noélia Brito - um momento onde estiveram reunidos possíveis nomes da agremiação peemedebista nas eleições municipais de 2016.Talvez possamos concluir, como faz a blogueira, que, de fato, talvez tenha sido esse o critério adotado por Jarbas para a escolha dos convidados.
Em Olinda fala-se também numa costura aliancista envolvendo partidos do espectro político mais à esquerda, como o PCB, PSTU e PSOL. As conversas estão sendo mantidas e não surpreenderia se esses partidos lançassem uma candidatura própria. É neste aspecto que cabe a pergunta: como o escritor Antonio Campos irá se arranjar em suas costuras aliancistas? Apenas com o apoio do PSB local? Pelo que sabemos, os socialistas ocupam alguns cargos na Prefeitura de Olinda. Teriam que se afastar desses cargos e se engajarem na aventura incerta de uma candidatura de um neófito na política. Talvez reste apenas ao socialista aquilo que nossos avós classificavam como a sobra do tacho, ou seja, um conjunto de pequenos partidos, sem expressão eleitoral, dispostos a se engajarem em sua candidatura.
O poder de fogo do escritor, no contexto circunscrito ao grupo socialista no Estado, no entanto, não pode ser desprezado. Um episódio recente dá a dimensão do que estamos falando. O prefeito do Recife, Geraldo Júlio, recentemente, esboçou alguns amuos em relação ao fato de perder o apoio do PCdoB, no Recife, em razão dos problemas provocados por uma eventual apoio à candidatura de Antonio Campos à Prefeitura de Olinda. Esses amuos duraram muito pouco tempo. Segundo a imprensa noticiou, o próprio Antonio Campos teria "emparedado" Geraldo, exigindo dele uma posição no prazo de 15 dias, caso contrário, iria à procura de uma nova legenda, que pudesse viabilizar sua candidatura. Logo em seguida, alguns membros da família Campos vieram em sua solidariedade, reafirmando o desejo de que ele seja mesmo candidato a prefeito da Marim dos Caetés.
Sejam quais forem as consequências para o projeto de reeleição de Geraldo Júlio, as contingências políticas indicam que o PSB deverá mesmo apoiar o nome de Antonio Campos como concorrente à Prefeitura de Olinda, nas próximas eleições municipais. Os problemas em torno do projeto de reeleição de Geraldo Júlio apenas se avolumam. Quem transita pela Rua do Espinheiro, como nós, já deve ter observado uma placa enorme, posta pelos moradores da rua, em protesto contra a administração municipal. Vocês já pensaram se essa moda pega? sobretudo em se tratando de uma eleição municipal, onde os problemas cotidianos da população produzem um efeito avassalador? A gestão de Geraldo Júlio passou a ser criticada até mesmo entre os outrora aliados, como é o caso do Deputado Federal Jarbas Vasconcelos(PMDB).
Comenta-se, à boca miúda que, na descontração daquela orgia gastronômica Jarbas Vasconcelos teria esboçado algumas críticas à gestão do senhor Geraldo Júlio. Embora isso esteja no plano das especulações, passou-se a cogitar uma eventual candidatura de Jarbas às eleições municipais de 2016, no Recife. Como uma raposa criada, ele não diz nem que sim nem que não. Sabedoria ensinada por Maquiavel, esperando pacientemente para dar o bote certeiro, sem chances ao adversário. Geraldo, por sua vez, deve estar torcendo para que ele se "arranje" no plano nacional, como um eventual candidato a substituir o atual presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha(PMDB), hoje quase um defunto.
Política tem algumas coisas engraçadas. Geraldo Júlio não foi convidado para o último "cozido" oferecido na residência de praia do senhor Jarbas Vasconcelos. Um gesto cheio de implicações. Paulo Câmara, no entanto, estava entre os convivas. Se há criticas sobre a gestão de Geraldo Júlio, elas também se aplicam à gestão de Paulo Câmara, gentilmente poupado pelo senhor Jarbas Vasconcelos. Segundo comenta-se, Geraldo Júlio teria esboçado interesse na poltrona que fica no Palácio do Campo das Princesas, já em 2018, o que poderia ter criado uma rusga entre ambos. Num desses momentos de inconfidências, Paulo Câmara teria declarado que vê com bons olhos uma sucessão em família, em 2018, talvez puxando para a arena política o filho do ex-governador Eduardo Campos, Pedro Campos.
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