O sociólogo Gilberto Freyre sempre enfatizou que o nosso colonialismo, diferente do que ocorreu com alguns países africanos colonizados pelos ingleses - caso da África do Sul - não tinha um caráter segregacionista. Para alguns autores, ele fazia uma espécie de apologia do colonialismo português que, a despeito de seu caráter não segregacionista, também tinha suas mazelas. Essa leitura não foi feita apenas por pesquisadores brasileiros - que o interditaram em alguns centros acadêmicos - mas, igualmente, pelo governo português, que financiou viagens do mestre de Apipucos às suas colônias nos continentes africano e asiático, com o propósito de fazer uma espécie de propaganda do modelo de colonização português, quiçá, inibindo as guerras de libertação que, então, já começavam a acontecer nas suas colônias. Isso em pleno período salazarista, o que evidencia o perfil conservador do sociólogo.
Apesar de ter enfatizado bastante essas "trocas" entre colonizados e colonizadores, um misto de atração e "domação", outro dia, lendo um texto do antropólogo Roberto DaMatta, ele afirma que, num dos seus textos - possivelmente na sua obra clássica - Gilberto observa que esse modelo polarizado de construção de uma nação - profundamente hierarquizado na Casa Grande & Senzala - iria plasmar as nossas relações sociais pelos próximos séculos. Nisso, ele não deixa de ter razão.
Apesar de ter enfatizado bastante essas "trocas" entre colonizados e colonizadores, um misto de atração e "domação", outro dia, lendo um texto do antropólogo Roberto DaMatta, ele afirma que, num dos seus textos - possivelmente na sua obra clássica - Gilberto observa que esse modelo polarizado de construção de uma nação - profundamente hierarquizado na Casa Grande & Senzala - iria plasmar as nossas relações sociais pelos próximos séculos. Nisso, ele não deixa de ter razão.
É atribuído a Gilberto Freyre a expressão "Democracia Racial", mas, segundo Fátima Quintas, Presidente da Academia Pernambucana de Letras, uma estudiosa da obra do autor, nunca viu isso registrado em nenhuma de seus livros. Isso pode ter sido capturado de uma de suas falas ou mesmo uma adjetivação imposta por alguma autor ao conjunto de sua obra, em certa medida adocicada, ao tratar dessa questão. O fato concreto é que, no Brasil, o andar de cima - salvo em algumas situações bem particulares, onde essa relação se dá num contexto de submissão - nunca se entendeu muito bem com o andar de baixo da pirâmide social. Nossa elite é prepotente, insensível, arrogante, racista e segregacionista.
O ódio nutrido contra o PT não está relacionado aos possíveis casos de corrupção envolvendo alguns membros daquele partido, mas, sobretudo, em razão de o PT ser o patrocinador de um conjunto de políticas públicas que favoreceram sensivelmente o andar de baixo nas últimos anos. Se a indignação tivesse ralação com a corrupção ela, certamente, não seria tão seletiva. Pois muito bem. A Polícia do Rio de Janeiro, através da Operação Verão, praticamente, oficializou uma espécie de apartheid, sistematicamente impedindo que jovens negros da periferia possam ter acesso às praias dos banacas cariocas. Nos finais de semana, eles entram nos coletivos, retiram os jovens negros, revistam suas bagagens os impedem de ter acesso àquelas praias. Como diria uma colega de trabalho, essa situação realmente não pode continuar.
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