Há,por razões, óbvias, uma simpatia do aparato de segurança do Estado com a candidatura do presidente Jair Bolsonaro(PL). Seria algo até orgânico, não apenas pelo fato de Jair Bolsonaro ser um militar, mas, sobretudo, pelo desenho institucional que o Estado brasileiro está assumindo neste momento político, com flertes a uma conformação policialesca. Nos últimos anos, as instituições republicanas brasileira - ou que ainda resta delas - passaram a manifestar uma preocupação, por exemplo, sobre quem, de fato, exerce "controle" sobre as polícias militares estaduais, em tese, subordinadas aos governadores de cada Estado. Se, depois de 522 anos ainda persiste a confusão entre vida pública e vida privada no país, vocês podem bem imaginar a tênue fronteira entre o entendimento sobre Polícia de Estado e Polícia de Governo.
Aqui em Pernambuco, por exemplo, numa ação relativamente recente, a Polícia Militar usou de força extrema para reprimir uma mobilização política identificada com integrantes do PT, deixando o saldo de uma vereadora atingida com sprey de pimenta e populares com perda de visão produzida por disparos de balas de borracha. Quando a imprensa, o Poder Legislativo e entidades da sociedade civil cobraram explicações pelos fatos ocorridos, algo grave ficou comprovado: o governador do Estado, senhor Paulo Câmara, não havia autorizado tais medidas, sendo a ação uma decisão de responsabilidade exclusiva do comandante da operação, que, salvo melhor juízo, foi afastado do cargo.
Situações do gênero passaram a ser temidas em todo o país. Projeções de analistas sociais prevêem, inclusive, o perigo desse descomando - ou comandos paralelos - em caso de uma eventual ruptura institucional. Em 2013, este editor publicou um artigo, com grande repercussão nacional, acerca das ações repressoras da PM aqui no Estado. Naquelas mobilizações de rua, a PM de Pernambuco e a do Rio de Janeiro foram as mais repressoras das mobilizações de rua.
Não fazemos aqui qualquer juízo de valor sobre o caso - ainda não há elementos concretos para tal, embora essas ações se concentrem em Estados onde o PT é mais forte - mas existem denúncias de que a PRF estaria realizando operações irregulares neste dia de eleições, com barreiras, parando ônibus que transportam eleitores. De imediato, o Ministro Alexandre de Moraes, Presiente do TSE, exigiu que o Diretor-Geral do órgão desse explicações sobre tais operações. Vamos aguardar, antes de fazer qualquer julgamento precipitado. Segundo cirula nas redes sociais, o Diretor-Geral da PRF teria declarado voto num dos candidatos.
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