Talvez tenhamos formado uma grande expectativa em torno deste último debate da Rede Globo e, consequentemente, em razão da postura de ambos candidatos, produziu-se uma decepção. Esperava um confronto de ideias, propostas para o país a partir de 2023, como enfrentar os nossos grandes gargalos, coisas assim. Mesmo ausente, o grande vencedor deste debate foi o candidato Ciro Gomes. Conhece bem a realidade do país, tinha experiência administrativa, uma conduta limpa como homem público e um programa de governo robusto, com soluções concretas para o enfrentamento dos nossa grandes problemas. A polarizaçao política empobreceu o debate do país.
Um Bolsonaro nervoso, tentava fustigar Lula o tempo todo, por vezes permanecendo em silêncio, por vezes se perdendo em suas inúmeras colas. Lula insiste em olhar para o retrovisor, enfatizando alguns bons indicadores dos Governos da Coalizão Petista. Enquanto Bolsonaro falava, por vezes olhando para câmaras erradas, Lula dava as costas ao adversário e dirigia-se ao seu púlpito, sem que possamos julgar se tal procedimento se tratava de uma ação deliberada - recomendada pelos marqueteiros - ou simplesmente desrespeitosa. Houve um momento em que Bolsonaro pediu para que ele permanecesse ao seu lado e ele afirmou que não queria ficar junto do oponente.
Um aspecto positivo foi o fato de o petista mencionar alguns pontos dos ajustes neoliberais, que poderão se tornar realidade caso Jair Bolsonaro vença as eleições, previsíveis nos cortes orçamentários. Faltou dizer que tais cortes estão relacionados à sanha do apetite voraz do famigerado orçamento secreto. O petista marcou um golaço quando tocou na questão da saúde - nem tanto pelos problemas relacionados ao enfrentamento da pandemia - por demais conhecidos - mas em razão dos parcos investimentos do governo no setor, assim como ocorreu em relação às universidades e institutos técnicos. Fechou com chave de ouro quando observou as conquistas do seu governo nesta área específica, como o SAMU, por exemplo. Embora repetitivas, os questionamentos sobre corrupção ainda continuam como o calcanhar de Aquiles para o petista.
O petardo atirado por Lula contra Bolsonaro foi a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, afastado por que entendia do assunto, para a nomeação do general Eduardo Pazuello. Jogou Bolsonaro nas cordas quando mencionou a compra exdrúxula de comprimidos de viagras para os militares, quando havia cortado verbas para programas destinados à aquisição de fraldões para os idosos. Aqui para nós. Esse negócio de o aparelho de Estado adquirir próteses penianas, eu nunca entendi muito bem. No futuro, além de bons sociólogos, historiadores, antropólogos, cientistas políticos, vamos precisar de bons psicanalistas para colocar o país - ou esse governo em particular - no divã. Isso é coisa de republiqueta de quinta categoria.
O melhor do debate, afinal, ocorreria depois, quando, durante uma avaliação do confronto, o presidente Jair Bolsonaro, pela primeira vez, sem subterfúgios, admitiu que aceitará os resultado das urnas. Vence quem tiver mais votos, conforme recomenda os bons manuais de democracia representativa. A atitude tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, Presidente do TSE, no que concerne às eventuais falhas nas inserções de rádio da propaganda do candidato podem ter contribuído para uma "reavaliação" da situação. O próprio Ministro das Comunicações, Fábio Faria, admite eventuais falhas de encaminhamento dessa questão.
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