Há quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais, o episódio das eventuais falhas nas inserções da propaganda eleitoral nas rádios, num suposto prejuízo de um dos candidatos, reforça a tese da teoria da conspiração, em particular aquela que teima em colocar em dúvida a lisura do processo eleitoral brasileiro. Uma narrativa construída, desde algum tempo, alimentada de forma irresponsável pelas redes sociais.
Antes de mais nada, informo que este editor nunca teve qualquer dúvida acerca da transparência e lisura das urnas eletrônicas, tampouco da seriedade e da idoneidade da Justiça Eleitoral Brasileira. Neste aspecto, o país dá lições ao mundo no que concerne à transparência, agilidade, correção, respeito e homologação dos resultados das eleições. A democracia política brasileira, vai muito bem, obrigado. Em alguns aspectos, naturalmente. Nosso problema maior é a democracia substantiva, com essas enormes desigualdades, que estão sempre um passo à frente de nossos gestores, fruto de uma elite que, a rigor, nunca demonstrou muita sensibilidade para o problema, forjada em séculos de formação escravagista.
Para ser sincero, na realidade, nossa democracia política também anda bastante assediada nos últimos anos. Voltando ao episódio das inserções nas rádios - onde a assessoria de comunicação de um dos candidatos observou prejuízos em relação ao concorrente - o Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, solicitou informações mais objetivas sobre o caso. Em tese, parece que teria sido atendido - uma vez que foram apresentados relatórios de auditoria - culminando com a medida tomada em seguida, exonerando o servidor responsável por acompanhar esse trabalho no TSE. Em caso de uma derrota, as narrativas para alimentar as teorias conspiratórias já estão dadas.
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