pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 9 de junho de 2024

Editorial: Estadão condena manobra política para anistiar Jair Bolsonaro.

 


Na edição deste domingo, 09, o jornal O Estado de São Paulo publica um editorial onde condena veementemente eventuais articulações políticas com o propósito de anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, tornando-o apto a disputar as próximas eleições presidenciais. Nas entrelinhas - ou linhas mesmo - o articulista do jornal adverte que, se as instituições democráticas não encontrarem o prumo, colocamos nossa democracia sob o risco das tessituras golpistas. Na realidade, o espectro de um regime político de perfil autoritário continua a rondar as nossas instituições, neste clima de desordem institucional, à qual se refere o editorialista. 

No Legislativo, no bojo das tessituras visando a eleição do presidente das duas Casas, partidos como o PL, já colocaram suas exigênias para os principais concorrentes aoa cargo, o que incluiria, segundo o que vazou para a imprensa, uma anistia ampla a todos os que estiveram envolvidos nas tentativas golpistas do 08 de janeiro, o que, certamente, incluiria o ex-presidente Jair Bolsonaro. A situação jurídica do ex-presidente é bastante complicada, mas sempre existe uma alternativa e esta alternativa está sendo buscada através do Poder Legislativo.

Acossado por inúmeros fatores, o Governo Lula hoje enfrenta uma espécie de tempestade perfeita. Alguns desses problemas poderão ser superados, mas existe um grave problema de agenda política, sobre a qual pouquíssima coisa poderá ser feita. Se tomarmos como parâmetro a questão da segurança pública, por exemplo, aqui não se construirá acordo algum com setores ativos da oposição, a exemplo da Bancada da Bala. Ontem postamos por aqui uma matéria sobre essa questão, evidenciando a mudança de uma geografia da violência, concentrando os estados mais violentos do país no Nordeste, um reduto eleitoral tradicionalmente identificado com o petismo. 

O Governo irá trabalhar numa perspectiva de respeito aos direitos humanos, enquanto Bancada da Bala defenderá o bordão do bandido bom é bandido morto. Citamos por aqui apenas um desses exemplos. Existem outras questões onde os acordos igualmente não poderão ser costurados, mantendo este cenário de instabilidade política que não é bom para o país. Quanto à ameaça do espectro autoritário, este também será mantido, pois o país continua sendo um ambiente propício a tais experimentos da extrema-direita internacional, conforme advertia o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 8 de junho de 2024

Lula: Uma no cravo, outra na ferradura.


Este livro-reportagem não esgota, naturalmente, todas as nuances das eleições presidenciais passadas. Tampouco incorpora todas as nossas reflexões acerca do tema, através das inúmeras matérias aqui publicadas em 2022, tratando deste assunto. Por outro lado, consegue mostrar ao público leitor um panorama bastante interessanste do que foram aquelas eleições, assim como a sua importância para o nosso processo democrático. Embora as análises dos institutos e dos cientistas políticos se concentrassem, sobretudo, nas duas variáveis que definem uma reeleição – o bolso do eleitor e o seu humor sobre a avaliação do inquilino presidencial de turno – houve, sim, um caráter plebiscitário em jogo nessas últimas eleições presidenciais, onde os rumos de nossa democracia, de saúde historicamente debilitada, ganharia mais uma chance ou uma sobrevida com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Havia, claramente, um retrocesso antidemocrático e anticivilizatório em curso, que, felizmente, foi temporariamente interrompido. Uma vitória da civilização contra a barbárie, embora precisemos ficar de olhos bem abertos, uma vez que as vinhas das ira foram plantadas e continuam florescendo, como naquele atentado bárbaro ocorrido em Blumenau, Santa Catarina, onde cinco crianças foram mortas brutalmente. Embora Lula tenha vencido as eleições, o Brasil continua sendo um laboratório de experimentos funestos da extrema-direita na avaliação do sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos, com o qual concordamos. 

A informação histórica nos traz alguns dados importantes para entendermos a realidade de hoje. Não deixa de ser emblemática essas ocorrências frequentes na região Sul do país. Na década de trinta do século passado, a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, abrigava a sede do maior partido nazista fora da Alemanha. É possível que a sequência dos temas abordados neste livro não siga uma ordem cronológica de todos os fatos importantes que estiveram envolvidos no jogo da disputa eleitoral desta última eleição presidencial. Alguns temas, inclusive, podem ter assumido um status de relevância maior do que outros, consoante os nossos critérios, o que não quer dizer que sejam coincidentes com os critérios dos leitores e leitoras do texto. 

Chamamos a atenção dos leitores e leitoras sobre a discussão em torno do voto evangélico e como o Partido dos Trabalhadores se comportou em relação ao assunto. Na realidade, o partido acabou perdendo o norte, não construindo ou não implementado uma estratégia específica para conquistar esse nicho do eleitorado. Ao longo de sua existência, configurando-se aqui um processo de oligarquização, o PT acabou perdendo algumas premissas da relação orgânica com alguns grupos sociais que sempre se identiticaram com seu projeto político, segmentos evangéicos podem ser aqui incluídos. Uma reaproximação com esse segmento do eleitorado torna-se a cada dia menos provável, dadas suas afinidades com a agenda de perfil bolsonarista.   

Preocupado com o rumo de nossa incipiente experiência democrática e ancorado nas reflexões sobre o assunto produzidas pelo cientista político polonês Adam Przeworski, entramos na seara de um “cálculo da democracia”, ou seja, quais os índices ou escores econômicos e políticos que determinam a consolidação ou o desmoronamento de um regime democrático? Przeworski é hoje um dos mais respeitados intelectuais na abordagem do assunto. Ainda tendo como suporte teórico o cientista político polonês, uma discussão das mais relevantes sobre os determinantes do voto, ou seja, o que leva um eleitor a votar neste ou naquele candidato? Como a condição social\política\econômica do eleitor o induz a votar neste ou naquele candidato? 

Reflexão das mais consequentes - talvez merecedora de um aprofundamento - é uma observação comparativa – longe de se constituir num estudo – da situação latino-americana no que concerne à instabilidade institucional dos regimes democráticos, considerando países como o Chile, o Peru e o Brasil.Interessante observar o elenco de manobras institucionais possíveis que os atores de oposição poderão utilizar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir do parlamento. Como o leitor e a leitora atenta já deve ter observado, à medida em que Lula cede às pressões do Centrão, amplia-se o fosso com a base mais identificada ou ideologicamente orientada com o ideário políico\ideológico do partido. Uma dirigente da legenda já andou tratando o assunto como uma espécie de estelionato eleitoral. 

Não é fácil conduzir uma governabilidade sobre as águas turvas de um presidencialismo de coalizão, conceito que, aliás, já foi superado nesses tempos difíceis que enfrentamos. Alguns analistas políticos já se referem ao assunto como um parlamentarismo de coeção. O expediente do orçamento secreto e das emendas impositivas ampliaram sensivemente a margem de manobra do Legislativo sobre o Executivo. O título do livro-reportagem traduz bem a situação vivida pelo nosso presidente Lula. Num dia, precisa engolir sapos e manter membros do seu Governo já submetidos às investigações da Polícia Federal. No outro, acena com a brasa para sardinha dos mais humildes, anunciando a correção dos valores da merenda escolar ou criando o pé de meia para manter a estudantada do ensino médio na escola, evitando que eles abandonem os estudos. O livro, em formato de E-Book, pode ser adquirido por aqui, diretamente com o autor, ao valor de R$30,00, através da chave PIX jluizpesquisas8@gmail.com. Enviar comprovante com e-mail para o recebimento do arquivo para o ZAP 81986844557. Se preferir, adquira diretamente na loja da Amazon, através do link

Editorial: Pernambuco na nova "geografia" da violência no país.



Em passado recente, sempre que investigávamos os índices de violência no país, Estados como o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, geralmente, por inúmeras razões, encabeçavam a lista dos entes federados com maiores escores de violência, aferidos pelas mortes violentas intencionais, onde são listados os homicídios, latrocínios, lesões graves seguidas de morte. Nos últimos meses, este quadro alterou-se sensivelmente, mudando o mapa da geografia da violência para Estados nordestinos. Hoje, Estados como a Bahia, Pernambuco e Ceará lideram esse ranking de violência, sobretudo como reflexo da atuação de grupos ou facções do crime organizado em seu território, conforme matéria publicada na revista Veja desta semana. 

O quadro é realmente desalentador por inúmeras razões, a começar pela ausência de algum consenso sobre a melhor maneira de enfrentar o problema. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues(PT-BA), por exemplo, já amarga as consequências de não ter sido capaz de enfrentar o crime organizado naquele Estado, onde estima-se que atuem 14 facções. Jerônimo fez chegar a Lula a informaão de que o problema precisa ser enfrentado nacionalmente, de onde se conclui por ações mais efetivas do Governo Federal, com medidas que possam asfixiar a operacionalidade dessas facções, como o acesso a armamentos e drogas importadas dos países produdotes, já que eles operam de forma transnacional. 

Acreditamos que tal entendimento exista entre o Governo e os entes federados, mas, por alguma razão essas facções se consolidaram, com atuações nas periferias des grandes cidades, com um trabalho gerenciado de dentro do próprio sistema prisional, em alguns casos, onde os chefões autorizam tomadas de territórios de grupos rivais, assassinatos de desafetos, fluxo de mercadoria, caixa etc. Outro agravante é a cooptação de pseudos agentes públicos que prestam serviços a essas facções. Até recentemente, no Pará, a banda sadia da Polícia Civil daquele Estado prendeu dois agentes que transportavam drogas numa viatura da própria polícia. Era o que eles denominavam de "transporte seguro".

Jerônimo Rodrigues faz o alerta com as credenciais de quem deu 70% dos votos dos baianos para eleger Luiz Inácio Lula da Silva presidente. O candidato do Carlismo, Bruno Reis(UB-BA) já lidera todas as pesquisas de intenção de voto para a prefeitura de Salvador. Certamente a popularidade do governador tende a derreter caso esses índices de violância no Estado continuem em alta. A oposição bolsonarista, principalmente a Bancada da Bala, assiste de camarote às dificuldades que o PT enfrenta na região neste momento. Vocês conhecem bem qual é a solução deles para esse problema. Sem comentários. 

Charge! Dálcio Machado via Facebook

 


Editorial: Qual o real tamanho do bolsonarismo no Recife?


Ancorado numa boa avaliação da gestão, o prefeito João Campos(PSB-PE) aparece bem em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até o momento no Recife. O seu maior adversário é o candidato representante do bolsonarismo no Estado, o ex-Ministro do Turismo Gilson Machado(PL-PE), que pontua bem nas pesquisas, mas ainda se encontra muito distante dos escores do atual prefeito, que concorre à reeleição. 

Segundo informam os escaninhos da política local, os socialistas estão realizando algumas sondagens junto ao eleitorado no sentido de prospectar sua tendência de voto, preferências sobre a composição de chapa, entre outras questões. No quesito da composição de chapa - muito possivelmente através de uma pesquisa qualitativa - chegaram à conclusão de que o nome escolhido deve ser alguém com perfil de continuidade, mais ou menos à semelhança do que ocorre nas competições olímpicas de atletismo em equipes, onde cada competidor passa o bastão para o outro, em absoluta afinidade entre eles.  

O prefeito, por outras razões, pode até escolher um outro nome, mas, entre os seus secretários, a pessoa que mais atende a tais requisitos é a Secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, em afinidade absoluta com as obras e projetos que estão sendo tocados pela prefeitura municipal. Também estariam sendo analisados os efeitos de uma candidatura como a de Dani Portela, do PSOL, que pode arrastar o voto da militância orgânica mais à esquerda do espectro político, inclusive a militância petista. Se este elemento foi capaz de provocar um segundo turno da eleição municipal do Recife, no segundo o turno a tendência natural seria eles acompanharem João, temendo entregar a gestão a um fiel escudeiro do bolsonarismo. 

Alguém hoje estava lembrando que nas eleições de 2020 João Campos foi eleito com um discurso antipetista, o que deve ter angariado a simpatia de um eleitorao conservador, quiçá de DNA bolsonarista. Provalvelmente. Isso, de fato, pode ter ocorrido, assim como bolsonaristas encamparam a candidatura de Raquel Lyra(PSDB) ao Governo do Estado. Desta vez, com uma candidatura bolsonarista raiz, os bolsonaristas do Estado devem mostrar sua cara e o seu verdadeiro tamanho. Nas eleições presidenciais passadas, Lula obteve no Recife 56,32% dos votos, enquanto Bolsonaro obteve 43,68%. Entre as capitais do Nordeste, Recife foi a capital onde Bolsonaro obteve a melhor performance, o que ajudou bastante Gilson Machado obter uma votação expressiva quando disputou o Senado Federal.  

Editorial: Ninho de intrigas na política paulista.


São Paulo, por motivos óbvios, se constituirá no grande contraponto político ao Palácio do Planalto. Naquela praça, aguarda-se batalhas renhidas entre o Governo Lula e a oposição bolsonarista. Nas próximas eleições municipais de outubro, já teremos um desses embates, travados entre o atual gestor da capital, Rircardo Nunes, e o Deputado Federal do PSOL, Guilherme Boulos, que conta com o apoio do Palácio do Planalto para a sua eleição. Ambos estão pratiamente emparelhado na dianteira da disputa, com ligeiras variações, conforme os institutos de pesquisa. 

Quatro meses antes das eleições de outubro, num cenário assim, de evidente esgarçamento deste processo danoso de polarização política, não seria de surpreender o surgimento de intrigas envolvendo os grandes interesses que estão em jogo. O cardápio das políticas públicas do maior Estado da Federação, por exemplo, seguem uma linha diametralmente distinta do Governo Federal. Privatizações de empresas públicas, escolar cívicas miilitares, resistência em usar câmaras nos uniformes das polícias, coisas assim. 

Pois bem. É neste ambiente que começa a vicejar as intrigas, disseminação de fake news, cizânia entre diversos atores políticos com atuação naquele cenário, pelo menos no momento, ainda concentrados no espectro da direita ou da extrema-direita. Já andaram divulgando que Bolsonaro não iria apoiar o nome de Ricardo Nunes; que o governador Tarcísio de Freitas estaria torcendo pela inelegibilidade do presidente Jair Bolsonaro. Todas essas fake news ou notícias falsas plantadas estão sendo desmentidas pelas vítimas. Isso, infelizmente, é apenas o começo.   

Editorial: Envolvidos no 08 de janeiro fugiram para a Argentina.



A Polícia Federal estima que pelo menos 60 pessoas envolvidas e já indiciadas nos atos antidemocráticos do 08 de janeiro fugiram para a Argentina. O Governo brasileiro deverá pedir a extradição desse grupo de volta ao Brasil, numa conjuntura de animosidades políticas com o Governo de Javier Milei, assumidamente de extrama-direita, identificado com o bolsonarismo. Assim como o Governo dos Estados Unidos, que veem embaraços em permitir a extradição de envolvidos naqueles atos, não seria improvável que possamos enfrentar o mesmo problema com o país vizinho.

E, por falar em bolsonarismo, segundo eles, está tudo certo para a mobilização pública de amanhã, dia 09, na Avenida Paulista, onde foram liberados os cartazes, o que, certamente, resultará em violações dos limites impostos, onde se preconiza que serão pedidos apenas o impeachment do presidente Lula e de um Ministro do Supremo Tribunal Federal. Podem apostar que teremos cartazes que estarão extrapolando esses limites impostos pelos organizadores.

Nos últimos dias, não sei se os nossos leitores pararam para pensar no assunto, está ocorrendo um jogo de intrigas entre os bolsonaristas ou o pessoal da direita. Outro dia andaram divulgando que o ex-presidente Jair Bolsonaro não apoiaria o projeto de reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Ricardo Nunes precisou consultar o ex-presidente sobre o assunto, onde houve um desmentido. Mais recentemente, andaram disseminando a informação de que o governador de São Paulo seria candidatíssimo ao pleito presidencial de 2026 e, portanto, até lavava mãos no tocante a ratificação da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Novo desmentindo, desta vez por parte do próprio governador. O que deve ter enciumado o "pastor" foi a declaração do governador paulista sobre um polêmico ministro da Suprema Corte. Vocês se recordam? 

Charge! Dálcio Machado via Facebook

 


sexta-feira, 7 de junho de 2024

Editorial: Lula convoca os reitores das universidades em greve para uma reunião.



Hoje estava acompanhando pelas redes sociais que alguns reitores das universidades federais já estão afinando o violino, ajustando a orquestra para uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Estão ouvindo professores e servidores administrativos para convergirem sobre uma agenda específica, tratando daquilo que seria essencialmente importante à comunidade acadêmica em todos os sentidos, inclusive para a estudantada, que se encontra com suas aulas interrompidas. 

Difícil dizer se dessa conversa será costurado algum acordo entre as categorias grevistas e o Governo, pondo fim a uma greve com potencial de produzir desgastes políticos e sociais, num segmento profissional que sempre se identificou bastante com os governos petistas, como fica evidente nas imagens acima, de uma outra reunião, bem no início do Governo. O Governo Lula 3 cometeu um equívoco em permitir que não fosse previsto no orçamento algum tipo de recomposição salarial para os servidores públicos civis, principalmente do Executivo, que sempre tiveram uma desprorpoção dos seus salários quando comparados aos servidores dos demais poderes.  

Alguma categorias, caso dos servidores administrativos das IFES, o jejum já atingia 08 anos, o que é inaceitável. Essa injustiça só seria corrigida a longo prazo, mas permitir, por outro lado,  mais um ano sem recomposição disparou o gatilho do movimento grevista. Melhorar os percentuais de benefícios como o vale-alimentação, corrige-se apenas uma discrepância histórica que havia entre os servidores dos Três Poderes. Mérito para o Governo em estabelecer um caminho de negociação que priorize esse sentimento de "ajustes" 

Aqui, no entanto, ainda há de se considerar que os servidores aposentados não serão beneficiados. Agora corre-se atrás do prejuízo, num contexto sensivelmente adverso, com um movimento grevista coeso, um quadro de economia fragilizada e sob a pressão de uma oposição inconsequente, que tanta minar a resistência do Governo, num ano de eleições municipais. Trata-se de uma tempestade perfeita e o morubixaba petista, certamente, pedirá mais um crédito de confiança aos reitores diante dessa quadra difícil, rogando o apoio deles para por fim à paralisação.  

Editorial: Temporada de desincompatibilização.


Ontem, dia 06, encerrou-se o prazo para as pessoas que ocupam cargos públicos se desincompatibilizarem dos seus cargos, habilitando-se a disputarem as próximas eleições municipais de outubro. Aqui em Pernambuco, algumas surpresas, outras nem tanto, uma vez que os padrinhos políticos já haviam sinalizado as suas preferências muito antes do prazo, conforme é o caso, por exemplo, de Olinda, onde o prefeito Lupércio não escondia de ninguém sua preferência pela sua Secretária de Desenvolvimento, Mirella Almeida, uma jovem gestora que ganhou a confiança do prefeito a partir de um trabalho bem realizado à frente do órgão, onde assumiu diversas funções. 

Surpresa mesmo, no tocante à Olinda, era se a Ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, seria ou não candidata. Não será, conforme ela já confirmou. Naquela praça, a Federação PT, PV e PCdoB sai em busca do tempo perdito, procurando um nome para concorrer à prefeitura, possivelmente num alinhamento próprio, uma vez que a relação com os socialistas tende a ampliar as ranhuras depois que João Campos, no Recife, já sinaliza que um dos seus secretários está sendo preparado para assumir esta condição, depois de se desincompatibilizarem do cargo. 

Estranha que uma ilustre figura do PT tenha afirmado que esse tempo perdido não produzirá efeito algum nas articulações para a definição de um candidato. Ao contrário, perderam um bom tempo e isso pode significar, igualmente, a sensível diminuição de chances de lograrem algum êxito naquela praça. No Recife, com a conclusão de alguns atores ilustres do partido de que as bases poderão não acompanhar a burocracia da legenda, votando em Dani Portela, do Psol, ilustra bem o hiato existente entre ambas os segmentos. 

Editorial: OAB recorre ao STF contra a PEC da Saidinha


O Conselho Federal da Ordem dos Advogados recorreu ao Supremo Tribunal Federal, solicitando que os membros daquela Corte interditem - na ausência de um juridiquês mais apropriado - o dispositivo que impede as saidinhas de presos do sistema prisional. Na realidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atendendo recomendações do Ministério da Justiça, já havia vetado tail dispositivo, facultando a saída a presos que não cumprissem pena por terem cometidos crimes hediondos, mas o veto do presindente foi rejeitado no Legislativo, configurando-se numa derrota do Governo. 

Geralmente é o próprio Governo que, em situações assim, tem recorrido ao Supremo Tribunal Federal, produzindo faíscas na relação entre os Três Poderes da República. A Ordem dos Advogados do Brasil, do ponto de vista jurídico, enxerga na medida uma inconstitucionalidade, pois fere princípios básicos da legislação sobre execuções penais. Do ponto de vista humanitário, tal dispositivo cria ainda mais embaraços para o precário - ou inexistente - processo de ressocialização dos apenados. 

Atingimos um estágio de indisposições políticas difícil de ser contornado. Não há negociação possível entre alguns setores da oposição e o Governo Lula. A PEC da Saidinha foi sancionada pelo Planalto em quase tudo que ela propunha. Apenas este dispositivo, por questões humanitárias, foi rejeitado pelo presidente Lula, atendendo aos conselhos de seu Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. A Bancada da Bala sequer abriu o diálogo sobre o assunto. Tempos difíceis.   

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 6 de junho de 2024

Editorial: João Campos "afunila" a escolha do vice.



No dia de ontem, 05, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), esteve com o presidente Lula assinando convênio de repasse de recursos do Governo Federal para a realização de obras no Recife. Algo em torno de R$ 200 milhões de reais. Assim como ocorre no Rio de Janeiro, acreditamos que, finalmente, o PT esteja convencido de que não adianta mais insistir sobre a possibilidade de indicação de algum nome para integrar a chapa de reeleição do prefeito. Em Recife, por uma série de equívocos cometidos no passado, o PT não tem outra alternativa política que não seja acompanhar o prefeito em sua campanha de reeleição. 

Faltam ainda alguns meses, exatos quatro meses, para o dia 06 de outubro, quando será realizado o primeiro turno das próximas eleições municipais, mas, quando se olha no retrovisor, uma expectativa negativa jogada pela oposição sobre o desempenho do Governo nessas eleições municipais, já começa a se desenhar no horizonte. Algo sugere que a bússulo política e administrativa da legenda encontra-se descalibrada neste momento. Em São Paulo, por exemplo, Lula precisou intervir para que os recursos do fundo partidário sejam carreados para o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, apoiado pelo Planalto. 

O diretório municipal da legenda considerou que tais recursos deveriam ser encaminhados ao projeto de eleição ou reeleição de vereadores. Desde o início se sabia que o PT da capital não endossa a candidatura de Boulos. Problemas assim ocorrem em todo o Brasil, da Paraíba ao Paraná. Há um gritante hiato entre os diretórios regionais e uma cúpula burocrática que usa a canetada para "equacionar' os conflitos paroquiais, como reflexo do processo de oligarquização que tomou conta da legenda a partir de um determinado momento. 

Aqui no Recife, no dia de ontem, no prazo final da desincompatibilização, o prefeito exonerou dois dos seus secretários, afunilando a escolha daquele que receberá a unção para tornar-se o vice em sua chapa. Deixaram os cargos a Secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, e o Chefe-de-Gabinete, Victor Marques. Marília é a supersecretária, tocadora de obras da Prefeiuta do Recife, quase um consenso no próprio staff do prefeito. Victor Marques, por sua vez, exerce um cargo eminentemente político e é filiado a um dos partidos da federação, o PCdoB. Teria chances se João resolver fazer alguma média compensatória ao PT.   

Editorial: Professores universitários em greve ocupam sala do Ministério da Gestão e provocam novas negociações.


Permanece o impasse entre o Governo Lula e os professores universitários. O Ministério da Gestão e Inovação chegou a comunicar que não haveria uma nova proposta para oferecer aos professores em greve, diante do que já havia sido oferecido, o que significa, objetivamente, na ausência de qualquer perspectiva de recomposição alguma para o ano de 2024. O Governo oferece algo em torno de 9% para 2025 e 3,5% para o ano de 2026. O drama ainda é maior entre os servidores adminsitrativos, que estão sem qualquer recomposição salarial há 08 anos, o que se configura, realmente, como um grande absurdo. 

O momento é realmente muito difícil. Servidores Públicos de um modo geral, em particular os professores universitários, sempre mantiveram um alinhamento com governos de perfil progressista, como o do PT. Como se diz por aí, trata-se de uma categoria que sempre fez o "L". O massacre imposto pelo Governo obscurantista de Jair Bolsonaro às instituições acadêmicas, aliás, vem no bojo do mesmo raciocínio estabelecidos por essas federações autoritárias, que reconheceram ali um locus de resistência histórica. 

O grande dissabor dos professores é o entendimento de que o Governo não vem tratando esta categoria com o respeito que eles merecem. Não restam dúvidas sobre os acertos sobre algumas políticas educacionais. No Governo anterior, por exemplo, mais de 90% das verbas do CNPq foram cortadas abruptamente, praticamente inviabiizando as ações do órgão. As bolsas de pesquisas de Mestrado e Doutorado estavam sem reajustes há mais de quatro ano. Foram recompostas integralmente neste Governo. O Governo cometeu um grave equívoco ao não prevê qualquer tipo de resjuste aos servidores civis no orçamento de 2024. Um erro político e não apenas orçamentário. Uma esmagadora maioria de serviodres civis, principalmente do Executivo, já haviam dado a sua cota de sacrífico e se encontram no limite.  
 
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Editorial: Conselho de Ética arquivou processo contra André Janones.

 


Sessão bastante tumultuada a que decidiu sobre o arquivamento do processo contra o Deputado Federal André Janones, acusado de fazer as famosas rachadinhas. O Deputado Federal do PSOL, Guilherme Boulos, foi o relator do processo e tomou a decisão baseada no fato de a conversa com os funcionários do Deputado ter sido mantida num contexto onde não envolveria, ainda, o exercício do seu mandato de parlamentar. Pessoalmente, o combativo parlamentar do PSOL, a julgar por sua conduta e posturas, é contra as rachadinhas. 

André Janones, por outro lado, é um aliado do Governo, o que colocou o psolista numa tremenda saia justa ao tomar tal decisão. A encrenca contra Janones ainda permanece em outras instâncias, mas pelo menos no Legislativo, o parlamentar segue em frente. E, por falar em encrenca, a sessão do Conselho de Ética no dia de ontem teve de tudo. Por muito pouco Janones não atracou-se com o Deputado Nicolas Ferreira, depois de proferirem alguns impropérios. 

Para completar o enredo, esteve presente à sessão o coach Pablo Marçal, candidato à Prefeiuta de São Paulo nas próximas eleições municipais. Em certo momento dos debates, acabou sendo instado a entrar na confusão, depois de ser mencionado por Guilherme Boulos, que considerou estranha a sua presença naquela sessão. Segundo dizem, o que estaria em jogo é a garimpagem de apoios políticos, por parte de Marçal, em  seu projeto de viabilizar-se como pretendente a ocupar o cargo de prefeito de São Paulo.    

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 5 de junho de 2024

Editorial: O efeito "Pablo Marçal" nas eleições paulista deste ano.


Crédito: Pablo Marçal\Instagram

Em matéria no site da revista Veja, a jornalista Marcela Hahal, observa que o ex-presiente Jair Bolsonaro teria sido procurado pelo candidato à prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes, no sentido de checar a informação de que ele poderia não apoiá-lo em seu projeto de reeleição. A informação teria sido divulgada pelo coach Pablo Marçal, que recenemente lançou sua candidatura à prefeitura pelo PRTB, uma liderança que também tem lá suas afinidades com o bolsonarismo. 

O ex-presidente, no entanto, reafirmou sua disposição de continuar apoiando o projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes, tranquilizando-o neste sentido. Ricardo Nunes mantém uma postura de equidistância do ex-presidente Bolsonaro. Nem tão próxima que possa identificá-lo com o bolsonarismo mais radical, nem tão distante que possa perder o seu apoio. Ao fim e ao cabo, com o andamento da campanha, será inevitável que essa aproximação se consolide de uma vez. As circunstâncias da campanha determinará esse padrão de relação entre ambos.  

É neste aspecto que a entrada do coach no pleito, de alguma forma, pelo menos nessa linha de raciocínio, favorece o candidato Guilherme Boulos. O eleitorado mais identificado com Boulos jamais faria uma transisão tão drástica, votando em Pablo Marçal. A questão aqui é aquela faixa do eleitorado suscetível, ainda indecisa, não necessariamente orientada ideologicamente, que pode decidir uma eleição. Se parte desse eleitorado, por alguma razão, manifestar simpatia pela candidatura de Pablo Marçal, isso poderia ser suficiente para "embolar" o jogo da disputa pelo Edifício Matarazzo.  

Editorial: Os perigos da tese do "Menos PT" na articulação política do Governo Lula.



Curioso como políticos e formadores de opinião de perfil mais ao centro do espectro político passaram a defender a tese de que seria providencial o Governo Lula escalar interlocutores menos ligados ao PT para fazer o trabalho de meio de campo da articulação política. Há várias aspectos a serem analisados aqui, incluive os de caráter ideológico: Os atores que estão propondo isso de fato estariam interessados em que o Governo pudesse reunir as condições ideais de governabilidade. Por ideais aqui se entenda as razoáveis ou minimamente possível diante da falência anunciada do presidencialismo de coalizão. 

Que o Governo Lula anda levando surras homéricas nessas articulações isso é notório. Segundo dizem, até recenemente teria havido uma reunião entre o morubixaba petista e seus interlocutores junto ao Poder Legislativo. Mais uma vez teria sobrado para o Padilha. É preciso cercar-se de todos os cuidados com essas raposas políticas e seus cantos da sereia. O PT, incluive, não faz muiro tempo, enfrentou uma situação inusitada de ter sua presidente traída por seu articulador político, que tinha fama de uma excelente articulador, só que se articulou com os seus companheiros de parlamento, na realidade, para derrubar a preisdente. 

O campo está tão minado como naqueles tempos. Não se enganem. O PT não pode errar neste cálculo político. A articulação políticoa não vai bem. É um fato. Mas diante das mudanças que se impõem, se essas não forem bem conduzidas, podem tornar  o cenário ainda mais nebuloso. A charge que ilusta este editorial é do jornalista e chargista J. Bosco, do Jornal O Liberal, do Pará.   

Editorial: O cerco se fecha sobre Bolsonaro?



Segundo informações que circulam pelas redes sociais, a Polícia Federal já teria concluído o inquérito sobre as joias sauditas e a suposta fraude do cartão de vacinação envolvendo o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro. O inquérito está sendo encaminhado à PGR, que pode pedir o indiciamento do ex-presidente ao STF. Especula-se que a Polícia Federal encaminhe o inquérito até sexta-feira, o que significa dizer que teremos novidades na próxima semana. Falas e rumores de algumas autoridades republicanos já indicavam tais movmentações. 

Coincidência ou não, no próximo dia 09\06 os bolsonatistas estão programando uma grande mobilização na Av. Paulista, onde estarão pedindo o impeachment de Lula e de um Ministro do Supremo Tribunal Federal. Os inquéritos formulados pela Polícia Federal possuem um alto conceito de credibilidade e profissionalismo. Nesta caso específico, além de elemenntos materiais colhidos, há, como embasamento, os depoimentos do ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o Tenente-Coronel Mauro Cid.

Não se pode dizer que os bolsonaristas não sejam otimistas ou perderam a fé. É impressionante como eles trabalham com a possibilidade concreta de o ex-presidente se habilitar a disputar as próximas eleições presidenciais, mesmo diante de tantos impasses e encrencas jurídicas. Afinal, a fé remove montanhas, como diria os evangélicos. O pastor Silas Malafaia, por exemplo, passou a desconfiar das movimentações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerando que ele trabalha com a hipótese de inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro.   

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 4 de junho de 2024

Editorial: Luciano Duque afirma ter sido vítima de uma violência política.

 


O ex-prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque, hoje Deputado Estadual, afirma ter sido vítima de um ato de violência política por parte de Marília Arraes, que negou a legenda Solidariedade para que o ex-aliado se candidatasse à prefeitura da cidade mais uma vez, como eram seus planos. Realmente estamos tratando aqui de uma história que envolve algumas escaramuças políticas bem explícitas. Quando Marília Arraes, Presidente do Solidariedade no Estado, foi candidata ao Governo do Estado, em 2022, contou com o apoio efetivo de Luciano Duque, que chegou a afastar-se do PT para apoiá-la. 

Política é muita dinâmica. O cenário hoje é bastante distinto do cenário de 2022, embora algumas atitudes possam ser questionadas e até adjetivadas. Luciano Duque, em matéria do Jornal do Commércio no dia de hoje, 04, se diz vítima de uma violência política, motivada, sobretudo, pelo fato de o parlamentar ter votado favorável em alguns projetos do Governo do Estado,governado por Raquel Lyra(PSDB), com a qual Marília disputou as últimas eleições majoritárias. 

Outro dado apresentado pelo parlamentar é que a ex-aliada agora se junta ao projeto de Márcia Conrado(PT), de quem sofreu duras críticas quando foi candidata ao Governo do Estado. Alguns parlamentares se solidarizaram com o parlamentar na Assembléia Legislativa do Estado. Mesmo tendo acusado o tranco, o parlamentar assegura que não ficará de fora da disputa pela prefeitura da cidade, possivelmente indicando alguém do seu grupo político para o pleito.   

Editorial: Bolsonaristas convocam nova mobilização para a Paulista.



As hordas bolsonaristas estão ocupando as redes sociais para convocarem uma nova mobilização para o dia 09\06, na Av. Paulista, com concentração no MASP. Desta vez estão sendo solicitados doações de alimentos para os desabrigados do Rio Grande do Sul, assim como  liberaram os cartazes pedindo o impeachment do presidente Lula e do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. As últimas grandes concentrações organizadas pelos bolsonaristas mais recentemente haviam se pautado por uma conduta que se poderia configurar como não tendo extrapolado o figurino de uma mobilização dentro do escopo democrático, o que são muito bem-vindas. Democracia é isso mesmo. 

Não é porque é do adversário que necessariamente não prestam ou não são bem-vindas, como advogam alguns. O ranço da dificuldade de convivência com o oposto ou  com o contrário, quase sempre, descamba para regimes autoritários, seja de extrema-direita, seja de esquerda. No próximo dia 06 de outubro teremos o primeiro turno das eleições municipais de 2024. Estamos relativamente próximos ao pleito. Convinha, portanto, manter esse alinhamameto de  prudência, dentro do escopo democrático. 

Quando se abre espaço para a exibição de cartazes, pode se esperar de tudo. Certamente, a realização do evento dentro do ordenamento democrático será quebrado, uma vez que teremos por aqui xingamentos, ofensas, ilações, os surrados pedidos de intervenção, que, em alguns casos, se contrapõem à legalidade. Curioso que, desta vez, existe alguns atores bolsonaistas envolvidos na convocação mais entusiasmados do que o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.     

Editorial: O festival de besteiras que assola o país.



Dizem que o cronista Sérgio Marcus Rangel Porto, que ficaria mais conhecido entre os brasileiros como Stanislaw Ponte Preta, era bastante disciplinado no ato de escrever. Nem mesmo quando ia à praia, se divertir com a família, costumava se descuidar de ler os jornais diários, sempre à procura de alguma notícia ou fato que pudesse servir de inspiração para as suas crônicas diárias, regiamente publicadas, mesmo naqueles dias sombrios que o país enfrentava durante a Ditadura Militar instaurada no país depois do golpe Civil-Militar de 1964. 

Nos dias atuais, o cronista talvez não precisasse empreender tantos esforços assim para encontrar as motivações para escrever suas crônicas no antigo Tribuna da Imprensa, onde elas eram publicadas. Principalmente se ele se concentrasse nas propostas ou ilações inusitadas proferidas por integrantes da oposição ao Governo Lula. No dia ontem, 03, publicamos por aqui uma postagem sobre as especulações descabidas em relação à recente decisão do Governo Lula em importar arroz, depois dos problemas enfrentados no Rio Grande do Sul. Na realidade, a decisçao de Lula foi bem anterior àquela tragédia, movida pelo aumento do produto nas prateleiras dos supermercados. 

A oposição dá vazão a uma narrativa de vingança do presidente contra os produtores rurais, assim como suspeição de eventuais favorecimentos indevidos de agentes públicos em tais transações comerciais. Três denúncias já foram encaminhadas ao TCU. Se isso ainda não fosse suficiente, temos também a PEC das Praias, uma PEC polêmica que propõe privatizar áreas da União no entorno do litoral, o que seria suficiente para produzir efeitos ambientais e sociais danosos à população. A PEC, naturalmente, está gerando discussões acaloradas pelas redes sociais e tremulando o túmulo do falecido cronista, que hoje encontraria motivos de sobra para inspirar-se na redação do jornal.

Você precisa ler também: 

A polêmica do Arroz de Lula.      

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 3 de junho de 2024

Editorial: A polêmica em torno do "Arroz de Lula".

 



São muitas as crises que o país enfrenta neste momento. Algumas delas cruciais, como as crises institucional e de segurança pública, onde os entes federados vêem, a cada dia, o aumento dos índices de violência em ascendência nas estatísticas. Tragédias ambientais, como a do Rio Grande do Sul, professores universitários e técnicos de universidades em greve, sem que se vislumbre uma negociação favorável entre grevistas e o Governo. Em meio a este turbilhão de problemas, deram agora para implicar com o "Arroz de Lula", que está se tornando uma questão que pode respingar numa discussão parlamentar, que já conta com três denúncias junto ao Tribunal de Contas da União. Só falta agora alguém propor uma CPI do Arroz.  

Antes de eclodir essa tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul Lula já havia manifestado o interesse em adquirir o produto, uma vez que os preços estavam aumentando nas prateleiras dos supermercados e as sondagens indicavam que o fenômeno poderia estar contribuindo para aumentar sua impopularidade junto à opinião pública. Chegamos a discutir este assunto por aqui. As poderosas associações de produtores de arroz se anteciparam em anunciar que não haveria necessidade de importar o produto. Inclusive no Rio Grande do Sul, onde a safra já havia sido colhida antes das enchentes. 

Até aqui tudo bem. O Governo, inclusive, pode ter se equivocado, embora imbuído das melhores intenções humanitárias. O que é curioso é a narrativa que está sendo disseminada em torno do assunto, afirmando que o presidente Lula, com a medida, estaria tentando se vingar dos produtotes rurais, identificados com o bolsonarismo, ampliando ainda mais as zonas de cizânia entre o presidente Lula e os partidários do ex-presidente, inclusive entre aqueles que o representam no parlamento.  

Editorial: Duas notícias sobre segurança pública em Pernambuco.


Crédito da Foto: Miva Filho\divulgação


É curioso como as grandes inovações tecnológicas em termos de câmaras de segurança são testadas aqui na cidade do Recife. As razões para isso devem ser um segredo de Estado,  apenas facultado às comunidades de inteligência. Essa informação nos foi repassada por um professor da Universidade Federal de Pernambuco, durante uma palestra, sem que o mesmo também soubesse as razões. Pois bem. Hoje ficamos sabendo que as licitações para a aquisição de novas câmaras de monitoramento estão em atraso relativo, num momento em que o Estado clama por providências urgentes no tocante às condições efetivas de reversão de um quadro de violência assustador. 

Por ocasião da abertura das comemorações do São João de Caruaru, a governadora Raquel Lyra teria comemorado o fato de o mês de maio registrar um índice menor de mortes violentas intencionais no Estado, quando comparado ao mesmo mês do ano anterior. A queda teria sido de 12%. A gente até entende a apreensão da governadora em reverter este drama, com um potencial de arrastar a avaliação de um gestor até o limbo, mas ainda não há motivos para comemorações. Isso não significa absolutamente concluir por alguma tendência de queda nesses índices. Seria necessário aguardar um pouco mais. 

O país como um todo enfrenta um grave problema de segurança pública e as perspectivas de reversão desse quadro não são otimistas, sobretudo porque estamos tratando aqui de uma questão de agendas distintas entre o Governo Lula e a Oposição, sobretudo a de perfil bolsonarista, cuja agenda é diametralmente oposta a do Governo. É quase impossível construir algum consenso por aqui enquanto a Bancada da Bala não depuser suas armas. As consequências são as piores possíveis. Para a oposição bolsonarista a solução é derrubar o Governo Lula e fazer o que aquele rapaz está fazendo em El Salvador, violando os mais elementares direitos humanos.    

Editorial: Professores da UFPB entram em greve.


A greve dos professores universitários se constituem num grande problema não apenas para a categoria, mas para o país. Soma-se a este fato, a adesão dos servidores administrativos daquelas instituições de ensino, além das queixas dos reitores sobre as verbas de manutenção dessas instituições, o que também entrou na pauta de discussão do movimento grevista. Esse quadro, definitivamente, não condiz com um governo de corte popular e progressista como o Governo do PT, onde as questões relativas à educação deveriam ser prioritárias. 

Ontem este editor leu algumas artigos sobre o assunto, onde articulistas começam a desconfiar sobre o que, de fato, estaria ocorrendo com os rumos que o Governo Lula está tomando. Há um estranhamento, por exemplo, num acordo fechado entre o Ministério da Gestão e Inovação com uma entidade que, a rigor, alijou do processo de discussão outras tantas entidades que, de fato, são bem as mais representativas da categoria de professores universitários. 

Outra questão que passou incomodar bastante, até do ponto de vista político, foram as concessões de aumentos salariais às polícias federais, onde o reajuste, em alguns casos, chega a 77%, um índice muito superior ao que está sendo negociado pela categoria de professores e técnicos. Não está em discussão aqui a necessidade de reajuste dessas categorias, mas a inabilidade política e a completa inversão de prioridades. O impasse continua e agora é a vez da Universidade Federal da Paraíba entrar em greve, acompanhando o conjunto das universidades federais que, pelos cálculos, já são mais de 60 instituições, entre IFES e Institutos Técnicos Federais. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo.

 


domingo, 2 de junho de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Os lances audaciosos e as movimentações políticas do prefeito João Campos.



Crédito da Foto: Rodolfo Loepart\Veja


Quando o seu projeto político passou a vislumbrar a possibilidade de concorrer à Presidência da República, o ex-governador Eduardo Campos estabeleceu duas estratégias bem nítidas, consoante suas aspirações políticas: consolidou uma espécie de "eduardismo" aqui na província, integrando-se aos mais amplos espectros políticos do Estado, inclusive com ex-desafetos de seu clã-familiar; e, na outra ponta, estabeleceu alianças com correntes políticas de centro e centro-direita da política nacional, agregando em torno de si um conjunto de forças que poderiam viabilizar, na prática, o seu projeto político. 

Neste momento, o ex-governador passou a receber e acatar conselhos de que seria fundamentalmente importante construir uma narrativa anti ou pós petista. É emblemática uma expressão utilizada pelo ex-governador Jarbas Vasconcelos, depois de um daqueles cozidos na praia do Janga, afirmando que Eduardo estava se distanciando do PT, antes mesmo de que o próprio Eduardo Campos assumisse tal condição.  Como se sabe, Eduardo morreu de forma prematura, num acidente aéreo, antes de concretizar o seu mais ambicioso projeto político, alimentado desde os tempos de estudante de economia na Universidade Federal de Pernambuco. 

Nesta semana, o seu herdeiro político, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), pratagonizou alguns lances e movimentações políticas dignas de análises e especulações. Em encontro no Palácio do Planalto, na presença do Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, comunicou ao morubixaba petista, Luiz Inácio Lula da Silva, que não pretende ceder a vaga de vice em sua chapa de reeleição ao PT. Segundo informações de bastidores, matreiramente, o líder petista desconversou e teria sugerido adiar essa discussão para mais tarde, procurando ganhar tempo. Será inútil. Mais tarde, João continuará reafirmando sua posição, em razão de inúmeros aspectos que estão em jogo nessa tomada de posicionamento do prefeito.  

O principal deles é que os olhos de João se voltam para as eleições de 2026, embora afirme, como uma das lições deixadas pelo pai, a qual confessou em entrevista a revista Veja, que pensa num dia de cada vez. Na semana anterior a esse diálogo com o presidente Lula, João Campos havia mantido um encontro com o Presidente Estadual do União Brasil aqui no Estado, o Deputado Federal Mendonça Filho, com o propósito de integrar o Uniao Brasil ao seu projeto de reeleição. Coerente, Mendonça Filho teria dito ao prefeito que não se sentiria bem numa aliança onde o PT participava. 

Curiosamente, não sabemos se Mendonça Filho voltou atrás, mas a aliança foi fechada no plano nacional, onde envolve o apoio dos socialistas à eleição de Elmar Nascimento(UB-BA) à Presidência da Câmara dos Deputados. Trata-se de um agrupamento político que deverá seguir, naturalmente, uma direção diametralmente oposta aos interesses do PT, conforme sugere o Deputado Estadual João Paulo(PT-PE) em entrevista recente ao Jornal do Commércio

O União Brasil certamente flertará com uma eventual federação encabeçada pelo ex-Ministro da Casa Civil do Governo Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira, que envolveria o PP, os Republicanos. Esta federação, aliada ao PL, com a simpatia do União Brasil, que pretende fazer os presidentes das duas Casas congressuais, fechariam o circuito de uma oposição que pode trazer grandes embaraços governamentais ao Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Aqui na província, lideranças políticas ligadas a essas agremiações, exceção apenas para o União Brasil, já se movimentam no sentido de adubar as bases para as eleições de 2026, onde deverão perfilar ao lado do atual gestor da cidade. É o caso do Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, do Republicanos, de Eduardo da Fonte, do Progressistas, e Marília Arraes - por que não?- do Solidariedade. A rigor, nem podemos isolar o União Brasil deste conjunto de forças, uma vez a família Coelho já está fechada com o Palácio Capibaribe, trazendo a colheita de votos do Sertão do São Francisco para o projeto de João Campos em 2026. 

O grupo Coelho ofereceu apoio ostensivo à governadora Raquel Lyra(PSDB-PE) no segundo turno das eleições passadas, mas não teve espaço no Governo. Seguindo os conselhos do avô, que não abandonava os seus redutos eleitorais no interior, João se movimenta com pragmatismo nessas horas, menos inviesado ou solto das amarras ideológicas, apoiando alianças petistas em Jaboatão dos Guarapares, assim como José Queiroz em Caruaru, onde bate chapa com a governadora Raquel Lyra. Bem avaliado, estrela que brilha na constelação política do Estado, principalmente nesses redutos interioranos, não se surpreendam com as filiações dos candidatos que gostariam de contar com o prefeito em seu palanque. Alguns deles já estão vindo em caravanas conhecer o trabalho do gestor na capital.