pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: 16\09\1973. Victor Jara vive!
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sábado, 16 de setembro de 2023

Editorial: 16\09\1973. Victor Jara vive!



Num dia como hoje, em 1973, durante o Golpe de Estado no Chile, foi assassinado o cantor Victor Jara, cujas canções embalaram o sonho do povo chileno em torno de um projeto de governo socialista liderado por Salvador Allende. Victor Jara foi preso, torturado e morto por oficiais e soldados que cumpriam ordens da ditadura chilena, recém-instaurada no país, comandada pelo general Augusto Pinochet. Com o processo de redemocratização em curso, um dos soldados envolvidos cumpriu um papel fundamental no esclarecimento dos fatos envolvendo a sessão de tortura e morte, mas, mesmo em tais circunstâncias, seu principal algoz, um oficial conhecido como " Príncipe", nunca foi identificado. Assim que reconhecido entre os milhares de opositores detidos, o militar fez questão de comandar, pessoalmente, o processo de tortura atroz contra o cantor.

O grau de insanidade e perversidade dessas torturas é algo indescritível,dimensionando os cuidados que precisamos ter com seres humanos investidos de tal poder, cumprindo ordens explícitas de ditadores de turno ou mesmo interpretando, ao seu modo, as licenciosidades facultadas pelos regimes de exceção. Existe a suspeita de que, durante aqueles dias sombrios, militares brasileiros, sob os auspícios dos americanos, integravam uma "Escola do Terror", localizada no Panamá, onde eram instrutores de técnicas de tortura.  

As mãos de Victor Jara foram esmagadas a coronhadas e 42 tiros foram desferidos contra ele, num requinte de crueldade inominável. No Estádio Nacional do Chile, para onde outros prisioneiros foram conduzidos, logo após o Golpe de Estado, começaram as sessões de tortura contra o cantor, um dos símbolos da Revolução Socialista Chilena, abortada por um golpe de Estado urdido nos salões ovais. A tortura, no Estádio Nacional do Chile, contra o cantor se assemelha ao que ocorreu aqui no Recife, mais precisamente no bairro de Casa Forte, quando o líder comunista Gregório Bezerra foi torturado e escorraçado em praça pública, pisando no asfalto com os pés sangrando, submetidos que foram a produtos químicos corrosivos, usados em baterias de automóveis. 

Quem, irresponsavelmente, sae às ruas para pedir intervenção militar deve ter algum problema de ordem pessoal ou desconhece completamente a História. Talvez seja por isso que um órgão da República esteja sugerindo um curso de democracia para a essa gente. Quem sabe, assim, eles se tornam mais consequentes, meçam melhor suas atitudes, antes de seguirem ondas fascistas que depõem contra os alicerces básicos de uma democracia política. Do contrário, talvez a pedagogia das duras penas aplicadas aos infratores surtam algum efeito.   

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