Há várias análises sobre esta crise institucional que se instaurou entre os Três Poderes da República. Na nossa modesta opinião, ainda estamos chafurdando sobre o lamaçal retrógrado, autoritário, corrupto e fascista produzido pelo bolsonarismo. Poderíamos acrescentar por aqui alguns floreios conceituais, referenciais históricos, links com a extrema-direita em escala global, mas, a rigor, ainda estamos pagando o preço de uma contaminação pela semente do ódio plantada pela era bolsonarista. Como diria o filósofo, dormimos o sono político que produziu o monstro e ele ainda nos parece bastante ativo.
A assepcia civilizatória, democrática, e republicana se impõe, mas os entraves são gigantescos, num jogo de avança duas casas para recuar uma. Passar a mão na cabeça, dar um tapinha nas costas ou prorrogar o acerto de contas para a jogada seguinte, por outro lado, não ajudará muito. Neste contexto, apoiamos irrestritamente propostas como a do Ministério dos Direitos Humanos, sugerindo que os inimigos da democracia e da república não devem ter um minuto de paz. Como observa o ministro Sílvio Almeida, é um dever institucional do seu ministério.
Ainda no dia de ontem, tivemos a oportunidade de ler o editorial do jornal Le Monde Diplomatique, edição de setembro, onde o seu editor, Sílvio Caccia Bava, adverte sobre uma suposta reunião de trabalho ocorrida entre os comandantes militares e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a presença do Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Existiria, segundo o editorialista do jornal, a negociação de um eventual pleito de anistia para os militares envolvidos nas tessituras golpistas que culminaram com os atos do dia 08 de janeiro. Os próprios militares legalistas, constitucionalistas é quem deveriam estar interessados em separar o joio do trigo, recuperando, assim, a imagem das Forças Armadas junto à população.
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