Não deixa de ser alvissareira a atitude do general Augusto Heleno, Ex-chefe do GSI, em falar durante sua audiência na CPMI dos Atos Antidemocráticos, que ocorre hoje, dia 26. Por outro lado, as perguntas mais indiscretas formuladas pela relatora, Eliziane Gama, entre outros parlamentares da base governista, o deixaram incomodado, produzindo alguns ruídos e destemperos. É curioso como o currículo do militar está organicamente vinculado aos setores mais conservadores entre o militares que estiveram envolvidos nas tessituras golpistas de 1964, a exemplo do Ex-comandante do Exército, o general linha-dura Sylvio Frota - que não queria a distensão proposta por Geisel - e um notório representante dos porões da ditadura, o coronel Brilhante Ustra.
O general, por algum motivo, se manteve em silêncio em torno do assunto. Currículos, autobiografias e biografias, geralmente, são eivadas desses procedimentos, ou seja, os atores omitem aqueles dados dos quais, por algum motivo, não gostariam que o público tomasse conhecimento. Algumas biografias não autorizadas, por exemplo, não raro, são passíveis de processos jurídicos. Excepcionalmente, quando alguns atores estão com o currículo "consolidado", perfeitamente legitimados em algum campo, como sugeria o sociólogo Pierre Bourdieu, como é o caso de um famoso intelectual pernambucano, que, ao completar os oitenta anos de idade, concedeu uma entrevista à revista Playboy, onde abriu o jogo sobre a sua vida sexual, desde as primeiras experiências às práticas fora dos parâmetros mais convencionais. Talvez a idade tenha ajudado um pouco. Sete anos depois morreria.
Depois da polêmica suscitada pelo teor da entrevista, o intelectual ainda ligou para o repórter que o entrevistou para comemorar a repercussão. Falando ou mantendo o silêncio, o fato é que o general, em tais, circunstâncias, não poderia se sentir à vontade, daí se entender os níveis de tensão.
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