O terceiro Governo Lula precisa dar bons exemplos de gestão dos negócios públicos. Aliás, esta é uma obrigação de qualquer Governo. No caso específico, a referência diz respeito aos problemas enfrentados nos governos anteriores, em razão das denúncias de eventuais malversação de recursos públicos. O Governo Lula está, no entanto, encaracolado por um grupo mais autêntico, formado por petistas e partidos da base aliada - mas que, não necessariamente, tem se pautado por práticas republicanas - e um grupo aliancista solto na buraqueira, já envolvido em escândalos de malversação de recursos públicos, cujo exemplo mais cabal é o caso da CODEVASF, onde o duto teria sido perfurado desde o governo do seu antecessor.
Este grupo mais próximo ao presidente - por vezes tratado aqui como núcleo duro - não precisa apenas ser honesto, mas parecer honesto, como diz o ditado. É preciso dar bons exemplos em coisas simples, do cotidiano, como o uso das aeronaves oficiais. O governo anterior, literalmente, avacalhou todo esse processo, impondo-se uma prudência acima do normal para não embarcar nos deslumbramentos. No que concerne ao uso dos cartões corporativos, em outros épocas, pagar uma tapioca com o mesmo era motivo de grande indignação nacional. No ancien régime, milhares de latas de leite condensado teriam sido adquiridas através desse instrumento.
No dia de ontem, uma conhecida coluna de política trouxe informações sobre os supersalários pagos a alguns ministros do atual Governo, salários engordados com os famosos jetons, que são remunerações recebidas por participar dos conselhos de empresas estatais. Um artifício usado por longas datas com o objetivo de inflacionar os salários. Fala-se que existiria um teto, mas, pelo andar da carruagem político este teto já foi quebrado a um longo tempo. Um saláio de ministro do STF, que seria o parâmetro, deve estar em torno de 45 mil. Segundo o colunista, há ministros no atual Governo recebendo acima de 70 mil, quando se junto ao salário os adendos dos jetons.
O Estadão traz como editorial, no dia de hoje, 29, uma discussão sobre "Os insaciáveis glutões da República". O editorial aborda as chantagens exercida por setores do Legislativo sobre o Executivo, como se sabe, sempre alimentada por cargos e liberação de verbas de emendas parlamentares que, hoje, correm até por fora, sem uma dependância efetiva do Poder Executivo. É realmente uma prática "insaciável". Eles nunca se darão por satisfeitos, conforme já afirmamos diversas vezes por aqui. É o Governo cedendo e eles avançando. Quem empurrar goela a dentro do Executivo, por exemplo, uma reforma administrativa draconiana, de fazer inveja à da Era FHC.
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