Na realidade, o acordo firmado entre a Polícia Federal e o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, não recebe o nome de "delação", mas de colaboração premiada. Há diferenças sutis entre ambos os termos, mas o fato é que o ex-ajudante de ordens vem colaborando bastante com os investigadores da PF. Segundo o ex-auxiliar, Bolsonaro tinha conhecimento sobre as transações de venda das joias, assim como recebeu, em dinheiro, o montante arrecadado com a venda das mesmas. Somente o relógio Rolex teria sido avaliado em 300 mil reais.
Diante de tantas evidências, ficou difícil convencer a população - à exceção, quem sabe, dos bolsonaristas mais radicais - de que o mito não se meteu, definitivamente, numa encrenca pesada. Inelegível, enredado como está, comenta-se que dirigentes da legenda à qual ele está filiado, o PL, reconsideram novas estratégias para a atuação política do ex-presidente daqui para frente. Mesmo inelegível, o cálculo é que ele poderia ser um grande capitão eleitoral nas eleições municipais de 2024. Pelo andar da carruagem jurídica, as previsões são sombrias até outubro de 2024.
Uma eventual punição, ainda mais severa do que a inelegibilidade, já começa a fungar o cangote do bolsonarismo. Antes mesmo da colaboração do militar, a Polícia Federal já reunia elementos suficientes para dar prosseguimento aos inquéritos. Em todo caso, a colaboração foi muito bem-recebida, uma vez que pode ajustar alguns fios soltos. No próximo mês deverá ficar pronto o relatório da CPMI dos Atos Antidmocráticos. Pela disposição dos integrantes da base governista, vem chumbo-grosso por aí, possivelmente respingando sobre o ex-presidente e seus auxiliares diretos, dentre eles o próprio Mauro Cid.
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