Matreiramente, conforme recomenda os bons
manuais de política, Lula aplicou um duro golpe no governador
pernambucano, Eduardo Campos. Há um bom tempo que o relacionamento entre
Eduardo Campos e o dono do fregorífico JBS-Friboi, José Batista
Júnior, era dos mais harmoniosos. O bilionário tem planos de tornar-se
governador de Goiás e encontrara no PSB uma possibilidade de tornar
realidade esse seu sonho. A intuição política de Lula concluiu que era
José Batista quem estaria financiando essas movimentações iniciais de
Eduardo Campos e tratou de procuar um mecanismo de fechar as torneiras,
cortando o mal pelo bolso. O BNDES é um dos sócios de Júnior, o que
facultou a Lula agir com bastante desenvoltura para testar até onde ia
essa conversão socialista do pecuarista. Não foi necessário um grande
esforço. Temeroso dos problemas que poderia enfrentar na esfera do
Governo, Júnior cedeu e filiou-se ao PMDB a convite de Michel Temer.
Enrique Berlinguer foi um grande líder do partido comunista italiano. De
origem rica, comenta-se, desfez-se dos seus bens em nome de suas
convicções. Materialista convicto, casado com uma católica praticante,
aos domingos, sempre a deixava na Praça de São Pedro e seguia outros
rumos, possivelmente para a periferia de Roma, onde se sentia mais à
vontade. Pelo que se conclui, o arroubo socialista de José Batista era
apenas conveniência... nada além de conveniência.
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