pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Sob o domínio do medo e da morte, artigo de Michel Zaidan Filho
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domingo, 7 de abril de 2013

Sob o domínio do medo e da morte, artigo de Michel Zaidan Filho

 

Michel Zaidan Filho

Fui procurado esses dias por um destemido militante sindical da categoria dos médicos que, depois de destacada atuação em defesa do Sistema Único de Saude (onde o estado de Pernambuco encontra-se em 17. lugar) e de ajuizar várias ações de inconstitucionalidade acerca da privatização do setor de saúde em nosso estado na STF, confessou está sendo covardemente perseguido em seu atividade funcional junto ao setor oftamológico da Faculdade de Medicina, pelo secretário de saude. Não me admiro nem um pouco com essa perseguição, depois da entrevista que ele deu á revista Época, ao repóter Luiz Makluof sobre a situação da Saúde entre nós. O repórter, depois de ouvir várias pessoas em nosso estado sobre a gestão do atual governador, pinçou a seguinte frase: "estamos vivendo em Pernambuco sob a tirania do medo".

Naturalmente, para os adeptos do governismo (e seus favores) e para os desinformados que formam sua opinião a partir da propaganda oficial, está tudo muito bom, tudo muito bem. E os críticos, os frustrados, invejosos ou pagos para fazer um trabalho de desconstrução de tão brilhante gestão! Já se passou muito tempo da época em que o nosso estado era uma capitania hereditária, dominada por um ou duas famílias. Ainda que precária, existe sim um arremedo de esfera pública onde se aninham os independentes, aqueles que não recebem nem dinheiro nem favores governamentais, para tecerem loas aos mandantes de turno. Estes correm o risco de desagradar o coro dos contentes, questionando a pseudo-unanimidade produzida em torno do governante, ou pela cooptação ou pelo medo.

Outra repórter do jornal paulistano " O Estado de São Paulo", aproveitando o ensejo da comemoração da multicentenária obra de Maquiavel, "O Príncipe", resolveu fazer entrevista sobre a influência do ilustre florentino no modelo de gestão do governandor de Pernambuco. Perguntou ela se era possível perceber nas escaramuças do governador a presença do legado de Maquiavel. Só se fôsse no uso do terror como forma de dominação! Nicolau Maquiavel utilizou a chamada "ética das consequências" ou as famosas "razões de estado" em favor de uma ideal nacionalista e republicano. Ele era um sonhador, um político que acreditava na utopia, na possibilidade de criar um novo equilíbrio de forças, não apenas se adaptar ao que existia em sua época na Itália. E o nosso Maquiavel daqui? Qual é o sonho, qual é a utopia, qual é a nova corr elação de forças que pretende criar? - Nenhuma. A não ser este misto de gerencialismo fora de moda com o neo-patrimonialismo. Tudo embalado numa custosa engenharia simbólica (de marketeiros) pago a custo de ouro.

Nenhum governo republicano que se preze vive ás custas de eventos (e de propaganda). A agenda política e administrativa de um gestor público tem como prioridade redistribuir renda, através de políticas públicas universalistas, destinadas às camadas mais pobres da população, finaciadas pela arrecardação de impostos (sobretudo, dos que ganham mais). Mas como redistribuir renda para os mais pobres, através da ação de governo, num estado que pratica sem pudor a renúncia fiscal e privatiza a assistência médica? - Será que dos 7 bilhões destinados á construção da Arena Pernambuco, não se poderia tirar os cem milhões para melhorar o atendimento médico nos hospitais administrados pelo IMIP, para evitar mortes e infecções hospitalares, por falta de ventilação, de bons profissionais utensivistas, boas enfermarias e assim por diant e?

Não. Porque não é essa a prioridade deste governo. A sua principal bandeira é a sua candidatura ou proto-candidatura à Presidencia da República, apostando no apoio do PPS, do PSDB, de uma banda (podre) do PMDB, do DEM e outros pequenos partidos de aluguel. Este governador é um Maquiavel sem sonho, sem utopia. Dele, só possui uma modalidade de realismo cínico que faz da miséria, da dor e sofrimento alheio um palanque enfeitado para suas ambições.

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