Reportagem de Verônica Falcão, JC, do dia 31.03.2013, traz uma
informação preocupante sobre o nosso Gauiamum. O crustáceo, comum nos
manguezais, tem o hábito de viver e construir sua toca em espaços
terrestres, afastados de um contato mais
direto com a água. A princípio, em virtude desse hábito, poderia se
concluir, precipitadamente, que ele estaria menos susceptível à poluição
dos águas dos rios. As alterações constantes em seu DNA, monitoradas
por pesquisadores da UFPE, evidenciaram exatamente o contrário.
Pesquisas realizadas com espécies capturadas no estuário do Rio Goiana,
Mata Norte do Estado, atingem os maiores índices de alteração: De cada
100 células analisadas, 66,8% apresenta danos. Costumo levar nossos
alunos para uma visita à comunidade quilombola de São Lourenço, alí
pertinho, que sobrevive da captura de crustáceos, inclusive o Guaiamum.
Uma revista de circulação nacional, por ocasião do relançamento das
obras do sociólogo Jusué de Castro, escalou duas repórteres para
passarem vários dias na comunidade realizando uma matéria sobre os
remanescentes do "homem caranguejo". Os alunos tem a oportunidade de
conhecer José do Nascimento, o seu Jipe, principal personagem da
reportagem. É lamentável, sob todos os aspectos, a agressão aos
manguezais. É poluição, desmatamento, surgimento de patologias, captura
irregular do crustáceo etc. Para completar o cenário desolador, ainda
fala-se na existência de um fungo, que atinge sobretudo o caranguejo
uçá, segundo informação obtida através de uma Ong localizada na
belíssima reserva indígena de Barra de Camaratuba, já na divisa do
estado da Paraíba.
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- Letícia Caselli, Michel DaMatta, Lucia Guarani-Kaiowà Novaes e outras 3 pessoas curtiram isso.
- Michel DaMatta O que me assusta é que cada vez mais os habitats naturais vem sendo destruídos pela devastação promovida pela ambição dos homens e essa guerra pelo metro de terra que poderá virar "$".
- José Luiz Silva Nesta área a qual me refiro no texto, em Goiana, na comunidade de São Lourenço, foram devatadas uma enorme área de manguezais para a construção de uma fazenda de criação de camarão em cativeiro, que seria a segunda maior do mundo, de um grade grupo que...Ver mais
- José Luiz Silva Sim, Michel. À época, houve uma grande mobilização da opinião pública contra a devastação da área que, infelizmente, não foi interompida. Não sei bem explicar os motivos, mas o empreendimento não foi muito bem-sucedido, conforme já expusemos. Questões de ordem técnica, uma vez política e juridicamente eles não tiveram nenhum embaraço. A área é belíssima. Batia uma grande tristeza observar aquela "ferida" em meio ao manancial de mangue.
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