A presidente Dilma Rousseff decidiu reagir às críticas do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à sua gestão e à montagem da
equipe de auxiliares, feitas no programa político do PSB que foi
exibido na quinta-feira. Provável candidato à Presidência em 2014,
Campos não citou diretamente o nome da presidente, mas o Planalto
entendeu a mensagem do programa como ataque ao governo e, nos
bastidores, já se prepara para tirar do PSB os cargos que possui na
esfera federal. Há um mês, todos os socialistas que estavam nas
Indústrias Nucleares do Brasil (INB) foram demitidos e substituídos por
petistas. No governo, o entendimento é de que o discurso do PSB tem sido
de oposição.
A
ira da presidente deve atingir primeiro os cargos do PSB na presidência
da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), com orçamento de
investimentos de R$ 1,9 bilhão para este ano, e a direção da
Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco),
investimentos previstos de R$ 112 milhões. Tanto João Bosco de Almeida,
da Chesf, quanto Marcelo Dourado, da Sudeco, são ligados a Campos.
Ministérios
Sorte
diferente podem ter os ministros Fernando Bezerra Coelho (Integração
Nacional) e Leônidas Cristino (Portos), que já estariam negociando a
saída do PSB. Bezerra pode estar a caminho do PT, enquanto Cristino
deverá ir para o PSD ou para o PRB. Patronos de Cristino, os irmãos Cid e
Ciro Gomes negociam a filiação dele ao PSD, partido do ex-prefeito
Gilberto Kassab, que esteve na quinta em Fortaleza para uma conversa com
o governador. Cid e Ciro apoiam a reeleição de Dilma e discordam da
provável candidatura de Campos em 2014. O senador Eunício Oliveira
(PMDB), que comanda o PRB no Ceará, também ofereceu o partido para
Cristino.Oficialmente, a Secretaria de Imprensa da Presidência informou
que Dilma Rousseff não faria comentários sobre o programa do PSB. De
acordo com a secretaria, a presidente não assistiu ao programa, pois
estava de viagem à Argentina. O Estado apurou, porém, que todo o
conteúdo da fala do governador de Pernambuco foi transmitido a Dilma,
que teria ficado furiosa. No Recife, Campos não quis comentar o iminente
rompimento. De acordo com sua assessoria, ele está tranquilo e continua
dizendo que só trata de 2014 em 2014.
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