Por Pedro Luiz Rodrigues
O Partido dos Trabalhadores vem, nos últimos dias, exibindo sinais de maturidade que, por excepcionais, atraem a atenção dos observadores do cenário político brasileiro.
Há dias, o PT desmentiu que teria subscrito nota, juntamente com o PCdoB e a UNE, em apoio a Kim Jong-um, o jovem ditados norte-coreano, cuja agressiva verborragia é uma ameaça à paz internacional.
Hoje, torna pública a informação de que não dará seu aval oficial às manobras do ex-ministro José Dirceu, que busca a todo custo reverter ou pelo menos diminuir as penas que recebeu do STF, no caso do mensalão.
A primeira notícia pode significar que o veterano professor Marco Aurélio Garcia – em minha opinião, um dos responsáveis pela acentuada perda de relevância e prestígio do Itamaraty nos últimos anos – está, desta vez ele mesmo, perdendo relevância e prestígio.
Os petistas mais jovens, que assumem cargos de relevância no Governo Federal e nos Estados, querem um Brasil mais justo, mas querem também um Brasil mais respeitado no cenário internacional. Por que deve o Brasil privilegiar as parcerias com países autoritários (a Líbia de Khadafi, o Irã, a Coréia do Norte) ou nos deixarmos ser conduzidos pelos populistas da vizinhança?
A segunda notícia é também muito importante, pois pode significar uma guinada na posição do PT em relação ao julgamento do mensalão. Há mais tempo, quando era presidente do partido, José Genoíno chegou a defender a permanência de Delúbio Soares (um dos autores intelectuais do mensalão), dizendo que se tratava de uma denúncia “falsa e mentirosa”. Em novembro passado, sob o comando de Rui Falcão, o partido manifestou-se oficialmente contra a decisão do STF e a condenação dos ex-dirigentes petistas.
Sugerirão esses sinais indicativos de que na grande festa petista de 1º de maio – quando serão lançadas as primeiras bases da plataforma eleitoral de 2014 – o partido pretenderá anunciar passos para sua modernização?
A nova geração de líderes do PT, para as quais o regime militar de 1964 faz parte de uma história que vai ficando remota, ressente-se da velha guarda do Partido, cuja cartilha político-ideológica foi montada com idéias que foram modernas entre 1848 (Marx-Engels) e a revolução de Fidel Castro, cem anos depois.
Da década de cinquenta para cá já se passaram sessenta anos, o Comunismo foi para a cucuia, o sexo deixou de ser um tabu, o transporte passou a ser feito em aviões a jato, surgiu a televisão a cores, e foram inventados e disseminados o telefone celular e o computador.
O PT não chegou ao poder por conta de suas próprias ideias e dogmas, mas por ter sido carregado pelas ideias e ações de lideres pragmáticos, que sequer perdem tempo em ler o programa partidário, como Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Quem sabe, com novos dirigentes e novas propostas, o PT não volte a empolgar novas safras de jovens brasileiros e, grande desafio, recuperar a estima e a confiança de todos os filiados e simpatizantes que sentiram apunhalados nas costas pelo lamacento e corrupto esquema do mensalão.
(Publicado originalmente na Coluna do Cláudio Humberto)
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