Quanto foi
anunciada a invasão de um dos escritórios do Edifício Watergate,
exatamente onde funcionava o comitê do Partido Democrata dos Estados
Unidos, logo tentaram abafar o caso, argumentando-se que se tratava de um
roubo comum, o que não convenceu dois jovens repórteres do Washington
Post, que, no final, conseguiram produzir uma das mais brilhantes peças
de jornalismo investigativo de que se tem notícia, culminando com a
renúncia do presidente repúblicano, Richard Nixon. A investigação da
ABIN sobre os portuários de SUAPE, se os ânimos não serenarem entre
Paulinho da Força Sindical e o Planalto, tende a tomar rumos inusitados.
Na realidade, conforme já informamos antecipadamente, em outra
postagem, acompanhar as movimentações sindicais, informando sobre
eventuais paralisações, está dentro do escopo das atividades rotineiras
do órgão. O que há de ingrediente novo nesse episódio, além, é claro, de
saber como isso vazou para a imprensa, é a relação de proximidade de
Paulinho da Força Sindical(PDT) com o governador Eduardo Campos, e as
intensas movimentações deste último, indicando concretamente a
possibilidade de uma candidatura presidencial em 2014, o que poderia
suscitar um monitoramente mais efetivo dos seus passos pelo Planalto.
Para completar o enredo, nada mais infeliz do que as declarações do
Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, a quem a ABIN
está subordinada, General José Elito, afirmando que "tudo o que o órgão
faz é pela presidente", o que, numa leitura republicana, constitui-se
num grave equívoco, trazendo alguns embaraços para o Planalto. Um dos
equívocos de Nixon foi exatamente o ter usado a estrutura do aparato de
segurança do Estado em favor do seu projeto de reeleição. Cometeu outros
equívocos - como a utilização de um caixa-dois e as confidências no
Salão Oval da Casa Branca, gravadas em fitas, que a justiça
norte-americana tiveram acesso, mas, confundir República com interesses
de governantes de turno, certamente, teve um peso substantivo em seu
pedido de renúncia, antes que ocorresse o impeachment. Evidente que
Dilma Rousseff não pediu para o aparato de segurança do Estado seguir os
passos do governador pernambucano, mas, declarações como a do general
Elito comprometem o nosso arremedo de república.
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