Curiosa essa avaliação do Planalto sobre a eventual candidatura
presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos: Basicamente,
os analistas da presidência apontam as seguintes dificuldades:
a) a ambiguidade do discurso, ou seja, o governador, certamente,
encontraria muita dificuldade em construir um discurso de contraposição
ao Governo Dilma, na condição de avalista do Governo, além de não
assumir uma condição oposicionista, mas de continuísta. É difícil
entender como o eleitorado interpretaria essa situação. b) As eleições
de 2014, como antecipou o governador gaúcho, Tarso Genro, ainda
permaneceriam polarizadas entre tucanos e petistas, inviabilizando a
construção de uma terceira via. c) Fragilizado em Estados de regiões
estratégicas, o PSB do governador encontraria enormes dificuldades em
compor alianças. d) Diante dessas circunstâncias, Eduardo Campos
recuaria. Neste caso, justifica-se uma atitude ponderada do Governo
Dilma, que deseja contar com o seu apoio no embate político de 2014.
Independentemente dessas ponderações, o Governo Dilma, de acordo com a
colunista Dora Kramer, do Estadão, irá tratá-lo com mão de ferro e luvas
de veludo, permitindo-se escaramuças, como a que ocorreu durante a
inauguração de trecho da Adutora do Pajeú, em Serra Talhada, onde o
ghost writer do Planalto preparou um discurso sob medida para a ocasião,
lembrando ao "Moleque" dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco que o seu
governo não iria muito longe sem a injeção de recursos do Governo
Federal. A avaliação do Planalto faz sentido. Por outro lado, Eduardo,
mesmo diante de circunstâncias adversas, se movimenta como pode,
celebrando alianças inusitadas nos Estados onde não existe uma tradição
forte dos socialistas, cooptando insatisfeitos da base governista,
participando de encontros com empresários, BID, líderes religiosos,
aparecendo na propaganda partidária como, efetivamente candidato, enfim,
enviando seu recado para o eleitorado. Isso teria volta? seria apenas
para se cacificar para 2018? Há quem pense que não. Qual, afinal, é o
prazo de validade dessa avaliação do Planalto?
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