ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Alunos de graduação beneficiários de políticas de ações afirmativas,
como cotas e bônus, têm apresentado desempenho acadêmico pior que os
demais estudantes nas universidades públicas do país, mostram estudos
recentes.
As pesquisas também concluem que a diferença de notas perdura até o fim
dos cursos e costuma ser maior em carreiras de ciências exatas.
Universitários que ingressaram em instituições públicas federais por
meio de ação afirmativa tiraram, em média, nota 9,3% menor que a dos
demais na prova de conhecimentos específicos do Enade (Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes), que avalia cursos superiores no país.
No caso das universidades estaduais, cotistas e beneficiários de bônus tiveram nota, em média, 10% menor.
Os dados fazem parte de estudo recente dos pesquisadores Fábio
Waltenberg e Márcia de Carvalho, da UFF (Universidade Federal
Fluminense), com base no Enade de 2008, que pela primeira vez
identificou alunos que ingressaram por políticas de ação afirmativa.
Foram analisados os desempenhos de 167.704 alunos que estavam concluindo
a graduação nos 13 cursos avaliados em 2008, como ciências sociais,
engenharia, filosofia, história e matemática.
"Encontramos diferenças razoáveis. Não são catastróficas como previam
alguns críticos das ações afirmativas, mas é importante registrar que
existe uma diferença para não tapar o sol com a peneira", diz
Waltenberg.
Para ele, o desnível atual é um preço baixo a se pagar pela maior
inclusão. Mas ele ressalta que, com a ampliação da política de cotas
(que atingirão 50% das vagas das federais até 2016), é possível que o
hiato entre as notas se amplie.
EVASÃO MENOR
Pesquisa recente feita pelo economista Alvaro Mendes Junior, professor
da Universidade Cândido Mendes, sobre o resultado de ações afirmativas
na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) revela que o nível de
evasão entre os cotistas na universidade é menor do que entre outros
estudantes.
Mas os dados levantados por ele --que acompanhou o progresso de alunos
que ingressaram em 2005 em 43 carreiras-- confirmam as disparidades de
desempenho.
O coeficiente de rendimento (média das notas) de alunos não
beneficiários de ações afirmativas que se formaram até 2012 foi, em
média, 8,5%, maior do que o dos cotistas. Em carreiras como ciência da
computação e física essa diferença salta para, respectivamente, 43,2% e
73,2%.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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