pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Diretor troca sertão pelas questões urbanas
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terça-feira, 9 de abril de 2013

Diretor troca sertão pelas questões urbanas

Após Cinema, Aspirinas e Urubus, e Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, Marcelo Gomes segue temática dominante no atual cinema pernambucano
DIRETOR TROCA SERTÃO PELAS QUESTÕES URBANAS
Foto: DIVULGAÇÃO
Reencontro: Marcelo e Hermila no set de Era Uma Vez Eu, Verônica
Foto: DIVULGAÇÃO
Por: RAFHAEL BARBOSA - CARLA CASTELLOTTI / REPÓRTERES
Torres, concreto, existencialismo, barulho, grades, poesia. A princípio a combinação pode parecer incoerente. Mas para quem tem acompanhado a safra recente de filmes pernambucanos, já se trata de um contraste familiar: o aspecto humano em oposição à paisagem opressiva. Essa tem sido a temática mais recorrente numa cinematografia assinalada exaustivamente pela crítica como a mais vibrante hoje no pais.

E não há exagero algum em todo o burburinho que cerca as produções e cineastas pernambucanos – ou recifenses, como faz questão de assinalar o crítico Jean-claude Bernardet, ressaltando que as problemáticas da urbe são demanda na obras realizadas na capital.

É possível citar uma dezena de nomes que compõem a nova geração de realizadores sediados no Recife, sem a necessidade de destacar seus principais expoentes, já que no caso deles os holofotes costumam mudar de direção a cada lançamento.

Porém, restringindo-se as últimas produções que estrearam no circuito de cinemas com fôlego suficiente parar ganhar sessões de pré-estreia em Maceió, três delas tornam-se parâmetro de discussão: Febre do Rato, de Cláudio Assis, O Som ao Redor, de Kleber Medonça Filho, e Era Uma Vez Eu, Verônica, aguardado novo filme de Marcelo Gomes, que será mostrado no Corujão Sesi, no próximo dia 9. Além do nome de Marcelo Gomes, diretor do premiado Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), a produção tem como protagonista Hermila Guedes, atriz que emergiu de O Céu de Suely como a grande revelação feminina do cinema brasileiro do pós-retomada.



Se entre os homens surgiram João Miguel (Estômago), Juliano Cazarré (A Festa da Menina Morta), Vinicius Zin (A Casa de Alice) e Irandhir Santos (O Som ao Redor), entre as mulheres Hermila foi além das apostas e se tornou o nome mais requisitado de sua geração. Diante do novo projeto, é curioso constatar que, antes da atriz “explodir” na tela em O Céu de Suely, sua primeira aparição num longa-metragem se deu justamente no primeiro filme de Marcelo Gomes.

Ambos se reencontram agora, oito anos depois, para contar a história de Verônica, uma médica recém-formada que se vê diante de uma crise existencial, e passa a questionar todos os seus passos até aquele momento. O filme marca duas mudanças significativas em relação aos filmes anteriores do realizador. Saem os personagem masculinos para dar lugar a conflitos tipicamente femininos. O cenário também se transfere do Sertão para a capital pernambucana, absorvendo as questões urbanas.

Com Cinema, Aspirinas e Urubus, Marcelo estreou muito bem. Delicado e sofisticado, de cara o longa recebeu o Prêmio da Educação Nacional, concedido pelo Ministério da Educação da França no Festival de Cannes, concorrendo com outras 1.600 produções internacionais. O filme narra a viagem de dois homens pelo Sertão: um brasileiro que tenta fugir dos efeitos da seca (João Miguel), e um alemão (Peter Ketnath) que escapou do terror da Segunda Guerra. A produção também foi indicada como representante brasileiro para concorrer ao Oscar, em 2007, numa das raras indicações certeiras do Minc na última década – apesar da indicação não ter se concretizado.

O diretor retornou à temática sertaneja/rural em seu filme seguinte, dessa vez numa parceria criativa com o cearense Karim Aïnouz, outro grande poeta do cinema brasileiro. O projeto foi resultado de uma “expedição” feita pela dupla entre os anos de 1999 e 2000.

Viajaram o Sertão filmando. Dez anos depois decidiram transformar aqueles registros documentais numa história narrada por um personagem nunca mostrado. Em Viajo Porque Preciso, Volto porque Te Amo, os encontros da dupla com flagrantes cotidianos da região tornaram-se ficção. Extremamente ousado e contemporâneo, o longa utiliza uma linguagem híbrida, manipulando a realidade em nome da poesia e do encantamento. Uma obra-prima do cinema nordestino.

Com duas realizações tão conceituadas no currículo, naturalmente as expectativas para o mais recente trabalho do diretor são as mais altas. Na entrevista a seguir, Marcelo Gomes relata a viagem que moldou seu olhar cinematográfico, e também conta tudo sobre Era Uma Vez Eu, Verônica. Confira. 
 
Jornal Gazeta de Alagoas

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