Houve um tempo em discutíamos bastante por aqui questões relativas à violência urbana. Alguns dos nossos artigos foram publicados em sites nacionais, alcançando grande repercussão, sobretudo no ano de 2013, quando o Estado se tornou um dos mais violentos no enfrentamento às manifetações de massa que ocorreram no período, ficando abaixo apenas do Rio de Janeiro. Durante as discussões e implementação do Pacto pela Vida, também estivemos atentos, pois, à época, mantínhamos uma curiosidade acadêmica em torno do assunto. O Pacto pela Vida foi um dos poucos planos de concepção de política pública na área de segurança que contou com a efetiva participação da academia.
Aliás, quando o assunto é violência, Pernambuco sempre ocupou, lamentavelmente, posições de destaque. Hoje, por exemplo, o estado lidera o ranking dos crimes violentos contra a vida na região Nordeste, um índice de crimes violentos ou letais mensurados por cada 100 mil habitantes. Foram registrados, em 2022, 1.772 homicídios, latrocínios ou lesões corporrais graves. Somos o terceiro estado mais violento do país, ficando abaixo apenas de Rio de Janeiro e da Bahia. Não necessariamente nesta ordem, uma vez que a Bahia de Todos os Santos tornou-se o estado mais violento da federação. Um dado estarrecedor é que, assim como no ano de 2021, em 2022 todos os mortos em ação policial eram negros, de acordo com dados do Monitor da Violência.
Até recentemente, diante da inércia de políticas públicas com o objetivo de enfrentar o problema, comissões específicas da Assembléia Legislativa do Estado estão se mobilizando para debater a questão e cobrar providências do Governo do Estado. Ficamos preocupados quando observamos o completo abandono da espertise adquirida neste campo pelo Pacto pela Vida, do ex-governador socialista Eduardo Campos. É como se o Governo Raquel Lyra desejasse desenvolver uma política ou programa de segurança publica a partir do nada, como se fosse possível usar de improvisos por aqui. Fazemos a defesa do Pacto pela Vida não por razões políticas, mas por ser um programa muito bem-concebido, que aprofundou bastante essa discussão e que produziu resultados concretos naquilo a que se propunha, indenpendentemente das colorações partidárias. Tinha suas falhas, como vieses na aferição dos índices de violência, mas tirou o estado do limbo neste quesito.
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