Existem alguns estudos no campo da psicologia que ajudam a entender porque as tais fake news tendem a se reproduzir com tanta facilidade. No dia de ontem, retiramos uma postagem aqui do blog, quando constatamos que a expressão "dama do tráfico" havia sido apenas uma digressão do repórter que produziu a matéria sobre as visitas controversas ao Ministério da Justiça para o Estadão, segundo ele mesmo admitiria logo em seguida. Este deveria ser o expediente rotineiro, mas são raros. Em épocas passadas, a checagem de uma grande revista de circulação nacional chegou à conclusão de que havia cometido um grave equívoco contra Ibsen Pinheiro, então Presidente da Câmara dos Deputados. Como a revista já estava na rotativa, preferiram manter o processo, divulgando nacionalmente uma grande mentira contra o ex-parlamentar, que acabou afastado do cargo.
As pessoas teriam a uma tendência natural a emprestarem credibilidade a essas mentiras, principalmente se tais mentirar se referem aos seus desafetos, adversários ou até mesmo com pessoas com as quais o indivíduo não simpatiza. O ser humano é complicado. Naqueles tempos - nos referimos aqui ao ano de 1948, quando 1984 foi escrito - por exemplo, era preciso criar um Ministério da Verdade para disseminar apenas fatos que fossem do interesse da tirania de turno. O indivíduo precisava passar a noite checando aquelas informações que seriam do interesse da tirania, descartando aquelas notícias desfavoráveis, mesmo que verdadeiras.
Por aqui, o que mais se aproximou deste modelo foi o Gabinete do Ódio, que funcionava, segundo delações, numa sala contígua ao Gabinete do Presidente da República. Em épocas passadas, naturalmente. As fake news, no entanto, continuam produzindo seus danos pessoais e institucionais, como uma erva daninha que vicejou e está difícil conter. O Brasil, ao que nos parece, possui um solo bastante fértil. Mesmo com os cuidados dos administradores das redes sociais, todos os dias, centenas de fake news são disseminadas, em alguns casos por agentes públicos, que, em tese, deveriam ter como norma não agir assim.
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