pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Campos inicia operação para acalmar clima no PSB
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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Campos inicia operação para acalmar clima no PSB


Paulo Emílio_PE247 - O governador de Pernambuco , Eduardo Campos (PSB) não anda articulando sua potencial candidatura somente junto a partidos que podem garantir o apoio necessário aos seus planos de concorrer ao Palácio do Planalto em 2014. As novas costuras visam a acalmar os ânimos internos da sua própria legenda de maneira a garantir que as suas movimentações transcorram de forma tranquila, sem que haja o risco de ser alvo frequente  do chamado fogo amigo. Nesta linha, Campos jantou esta semana com um dos maiores críticos aos seus planos majoritários, o ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE), e tem deixado o ministro da Integração Nacional (PSB-PE), Fernando Bezerra Coelho, à vontade para fazer demonstrações de apoio ao governo e ao projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).  Nesta direção, a engrenagem da estratégia para abafar o que pode virar uma crise interna de grandes proporções, o que inclui um racha no PSB, já está em movimento.
O  coro da contrariedade, iniciado por Ciro e pelo irmão e governador do Ceará, Cid Gomes, foi engrossado por FBC, que passou a defender abertamente  que o PSB permaneça na base de apoio do governo Dilma, bem como a reeleição da presidente.  Nas últimas semanas diversos governadores pessebistas também passaram a afirmar que o PSB deve apoiar a reeleição de Dilma e lançar um candidato próprio à Presidência somente em 2018. A mudança de postura dos governadores é atribuída às pressões que os gestores estariam sendo submetidos – o que incluiria dificuldade para firmar convênios e obter recursos federais – com o objetivo de fazer com que o PSB desista de seus planos nacionais.
O governador sabe que será o alvo da vez por parte dos petistas que já o acusam de traição por querer romper com uma aliança histórica entre as siglas. Tanto Dilma como o ex-presidente  Lula tem observado as movimentações de Campos sem tomar nenhuma decisão intempestiva, uma vez que isto poderia ser utilizado por Campos como o mote para sair da base governista como vítima de uma injustiça, já que o PSB permanece na base aliada e é uma peça importante nas votações de interesse do Governo no âmbito do Congresso. A opção escolhida foi tentar sangrar o PSB  por dentro, aproximando-se do clã Gomes no Ceará e acenando ao ministro FBC a possibilidade de disputar o governo de Pernambuco, por alguma outra sigla da base que não o PSB.
E é aí que a movimentação de Campos faz sentido. Ciro é uma das principais vozes contrárias á postulação do gestor pernambucano. O jantar que ambos tiveram no Rio de Janeiro no início desta semana teria o objetivo de tentar selar a paz entre eles, que se cutucam mutuamente há bastante tempo. Campos confirmou o encontro, mas limitou-se a dizer que  “o jantar foi muito bom, muito positivo… Falou sobre Brasil, sobre caminhadas , sobre a economia, sobre muitas coisas”.
O que Campos não deseja é dar motivos para o correligionário romper com o partido e ingressar em alguma outra legenda, o que enfraqueceria o seu palanque no Nordeste, em especial no Ceará, e fortaleceria o da presidente Dilma. É no Nordeste que tanto o PSB como o PT possuem o seu maior capital político e a influência de Ciro e Cid Gomes podem influir significativamente na balança eleitoral da Região.
Sobre FBC, tanto Campos quanto a direção do PSB têm observado de perto as movimentações do ministro que se aproxima cada vez mais do PT. Embora afirmem que o PSB é uma legenda democrática e que todos podem expressar suas opiniões, a saída do ministro já é tida quase como uma certeza por parte da cúpula socialista. FBC tem demonstrado sua insatisfação pelo fato de até agora Eduardo não ter feito nenhum gesto de que será ele o escolhido para disputar a sucessão estadual. E é esta insatisfação vem de longa data.
Quando Eduardo campos candidatou-se pela primeira vez ao Governo de Pernambuco, foi FBC quem articulou o apoio dos prefeitos do Sertão do Estado à sua postulação. Em troca esperava ser ungido ao Senado, mas acabou preterido quando  Eduardo optou por apoiar as candidaturas de Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB). Após a reeleição do gestor ao Palácio do Campo das Princesas, FBC depositou suas esperanças em ser o escolhido pelo governador para sucedê-lo, o que até agora não aconteceu.
Nesta linha, parte do PSB avalia que não existe ‘dívida de gratidão’ a ser quitada, uma vez que Campos levou FBC a se tornar ministro da Integração Nacional, uma pasta estratégica tanto pelo volume de recursos que possui como pela atuação no sertão Nordestino – com obras como a Ferrovia Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco. Como é no Sertão pernambucano que FBC concentra a sua força política, esta dívida já estaria mais do que bem paga, segundo alguns pessebistas.
E apesar dos constantes recados e sinais de insatisfação por parte do ministro, Campos tem optado por deixar FBC dizer o que pensa. Ao optar pelo silêncio em torno da sucessão estadual e afirmar que tanto esta decisão como a de que será ou não candidato ao Planalto somente será definida em 2014, Campos evita que FBC venha a sair como vítima de um processo de fritura interna.
Além deste ponto, a insatisfação de FBC encontra eco principalmente no Sertão pernambucano, enquanto a de Ciro costuma reverberar em nível nacional. Como Campos deseja concorrer ao Planalto, a prioridade é abafar a voz de maior alcance. Neste caso, o jantar entre Ciro e Eduardo é emblemático. Para a voz mais localizada de FBC, a opção foi adotar praticamente a mesma estratégia que o PT adotou com o PSB: não dar motivos para um rompimento de forma a ser acusado de vitimizar o ministro até a sua saída da legenda.
Mas se esta estratégia servirá para acalmar Ciro e Cid Gomes, segurar FBC no partido e minimizar o tom das críticas contra o projeto nacional do PSB, somente o tempo dirá. E o próprio Eduardo conta com o tempo para acalmar os ânimos internos e estabelecer o consenso em torno da sua postulação. “O partido vai ficar unido na hora que a decisão for tomada", disse.

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