Por Carlos Chagas
A posse do
novo ministro Guilherme Afif, ontem, serviu para embaralhar mais uma
vez o debate ideológico no país. Ou a ausência dele, porque ideologia
não há mais. Como definir o governo Dilma Rousseff? Voltado para o
mercado e aberto à ampla liberdade de ação dos agentes econômicos? Ou
empenhado em reforçar os controles do poder público em favor dos menos
favorecidos?
Não dá para
permanecer por mais tempo com um pé em cada margem da corrente. Afif é
representante das elites. Para cuidar das micro e pequenas empresas, a
presidente Dilma escolheu quem tradicionalmente representou e defendeu
os interesses das grandes empresas. Sete milhões e quatrocentos mil
pequenos negócios continuam subordinados e girando em torno daqueles
que dirigem os grandes negócios. Com a diferença de que estão, os
pequenos, algemados à burocracia estatal e obrigados a carrear seus
recursos para enfrentar inutilmente o mutirão de impostos e taxas que
os grandes protelam e até ignoram.
“A força está
nos pequenos”, disse o novo ministro, mas só um milagre inverterá a
equação de subserviência deles diante de instituições dos poderosos, a
começar pelos bancos.
Dilma
referiu-se ao “custo Brasil”, eterno pretexto dos grandes para exigir
que o estado trabalhe
por eles, com eles ignorando o estado. Defendeu que a estrutura dos
portos venha a ser aberta ao setor privado. Nada a opor, caso o setor
privado contribua de forma efetiva para desafogar e estimular a
produção. Tudo são dúvidas, num país sem ideologia.
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