Ex-ministro declarou voto ao governador de
Pernambuco na disputa pela Presidência em 2014; já conversaram,
inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto
estratégico no crescimento do PSB e de sua candidatura na região sul
247 – O ex-ministro Jorge Bornhausen declarou
oficialmente seu apoio ao PSB de Eduardo Campos na corrida pela
Presidência em 2014. Articula até sua abertura na região sul. Leia o
artigo de Rosângela Bittar, chefe da Redação, em Brasília, do Valor:
Uma ponte para o Sul
É público que Jorge Bornhausen, ex-ministro, ex-senador,
ex-embaixador, ex-governador, atualmente sem filiação partidária,
investiu uns 15 anos de sua vida política na carreira de Gilberto
Kassab, o ex-prefeito de São Paulo que abrigou no PFL, vindo do PL, e
apoiou na difícil tarefa de criar um novo partido, o PSD, quando ambos
se apartaram do DEM. É uma cacofonia de siglas, mas todas guardando uma
certa coerência política. Esta semana, deu-se uma nova virada nos rumos
da política que Bornhausen pratica. Reuniu-se com Kassab para uma
conversa que não chegou a ser de despedida, porque são e continuarão
amigos, mas para troca de impressões sobre os caminhos agora opostos que
trilharão.
Bornhausen, mesmo sem filiação partidária e sem candidatura, estará
sempre do lado oposto ao do PT na política. Kassab agora é aliado do PT,
vai apoiar Dilma Rousseff em sua campanha de reeleição, seu partido
integra o Ministério do governo petista.
Bornhausen recusa a ideia corrente no DEM de que ele foi o criador de
Kassab. "Quando ele veio para o PFL já era deputado pelo PL. Já tinha
uma posição de destaque, veio a meu convite para ajudar a formar o PFL
de São Paulo, o que ele fez muito bem. Depois foi eleito deputado
federal, foi vice-prefeito, prefeito, é meu amigo, gosto muito dele".
O líder catarinense também não se acha decisivo na formação do PSD,
mesmo que tenham aderido ao novo partido um governador e um senador do
seu grupo, Raimundo Colombo e Kátia Abreu, além de seu filho Paulo
Bornhausen.
"Eu apenas aconselhei os que me procuraram a examinar bem suas
convicções, suas questões, mais nada. A decisão de Santa Catarina foi
tomada em Santa Catarina, não foi por minha causa".
Há muitos anos Jorge Bornhausen traçou uma linha de separação dos
campos políticos para não haver hipótese de tangenciar o PT, e com ela
foi coerente, sempre. O PSD está com o PT, portanto dele se afastou,
politicamente, pois já não é filiado.
Na verdade, desde que se desfiliou do DEM, Bornhausen não ingressou
em nenhum outro partido. Por que não ir com o PSD às eleições
presidenciais?
"O PT de Santa Catarina sempre fez suas ações contra a minha pessoa.
Tudo foi sempre pessoal. É uma questão de dignidade eu não votar nem
apoiar qualquer candidato do PT", afirma Bornhausen.
Quem acompanha sua trajetória lembra-se da indignação que lhe
provocaram os cartazes, elaborados e distribuídos pelo PT, anos atrás,
com seu rosto colocado no corpo de Hittler. "Manifestações daquela
natureza continuam até hoje", cita Bornhausen.
É também público que o ex-senador, ex-ministro, ex-governador,
ex-embaixador, o líder político de Santa Catarina, está apoiando a
candidatura presidencial de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco,
do PSB. Bornhausen virou socialista? Ele ri e afirma: "Eu votarei nele
se vier a ser candidato e tudo indica que sim".
Definindo o que o ajuda a manter a coerência, afirma: "Eu acho que,
em política, o mais importante não é a popularidade, é a credibilidade.
Ao me manifestar em favor da candidatura do Eduardo Campos, eu me
mantenho dentro da linha de credibilidade na minha vida política. Jamais
poderia apoiar aqueles de quem sempre divergi, que eram os integrantes
do PT", comenta.
Bornhausen declarou voto em Eduardo, e com ele já participou de
algumas reuniões. O governador pernambucano convidou Paulo Bornhausen
para filiar-se ao PSB, mas o deputado ainda não se decidiu. "Ele tem
muito tempo, só precisa responder em setembro".
A opção por Eduardo Campos é uma guinada política na sua vida?
Bornhausen se mostra impressionado com a atuação do governador: "Não,
não é nenhuma guinada. Ele é um administrador moderno, vem executando
suas tarefas tendo sempre em vista o desenvolvimento, o crescimento do
seu Estado, utiliza-se de todos os meios modernos de administração,
fazendo com que a meritocracia seja um critério integrante do sistema na
educação, na saúde, na segurança, admiro seu trabalho. Dai porque,
pessoalmente, já fiz a minha opção de voto".
O que vai acontecer com seu grupo, Bornhausen não arrisca prever,
ainda. "Cabe ao deputado Paulo Bornhausen escolher o seu caminho. Ele já
disse que também não acompanha a candidatura da Dilma. Quanto ao
ingresso no PSB, ele recebeu um convite público do governador Eduardo
Campos e está examinando, com outros companheiros, essa possibilidade".
O partido de Eduardo Campos tem uma comissão provisória em Santa Catarina, presidida pelo ex-senador Geraldo Althoff.
Se houver filiação de parlamentares, caso do Paulinho Bornhausen, por
exemplo, deverá haver alguma alteração. Mas a presidência, na avaliação
do líder catarinense, deve continuar com quem está. "Althoff é um homem
íntegro, da melhor qualidade". Se Paulo Bornhausen vai para o PSB ou
não, até setembro todos saberão. Se não for, sua alternativa é ficar
numa situação de dissidente no PSD que, segundo Bornhausen, " tudo
indica", vai apoiar a Presidente da República.
Foi mais ou menos esse o fio da meada da conversa que Bornhausen e
Kassab mantiveram esta semana. "Absolutamente, minha relação de amizade
com ele não tem porta para qualquer despedida. Eu coloquei a situação,
evidentemente minha, e a decisão que Paulinho tomará, de acordo com o
que ele achar melhor para o futuro dele. Mas jamais fazer uma despedida
de uma amizade que é, para mim, muito importante, sobretudo é afetiva".
Jorge Bornhausen mantém a decisão de não se filiar a nenhum partido e a tomar suas decisões "conforme convicções". No momento, tudo isto converge para a candidatura de Eduardo Campos. E já conversaram, inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto estratégico no crescimento do PSB e da candidatura do governador na região sul. "Ele vai formar o partido em Santa Catarina, necessário para a candidatura dele. O Paulo deverá tomar as posições que facilitem, ajudem a candidatura do Eduardo Campos no Estado".
Jorge Bornhausen mantém a decisão de não se filiar a nenhum partido e a tomar suas decisões "conforme convicções". No momento, tudo isto converge para a candidatura de Eduardo Campos. E já conversaram, inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto estratégico no crescimento do PSB e da candidatura do governador na região sul. "Ele vai formar o partido em Santa Catarina, necessário para a candidatura dele. O Paulo deverá tomar as posições que facilitem, ajudem a candidatura do Eduardo Campos no Estado".
(Publicado originalmente no jornal Brasil 247)
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