pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Cuidados que os quatro precisam tomar, artigo de Carlos Chagas.
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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Cuidados que os quatro precisam tomar, artigo de Carlos Chagas.

Por Carlos Chagas

Por enquanto, nessa precipitada antecipação da campanha sucessória, quatro candidatos lançam-se na disputa: Dilma Rousseff, Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos. O número pode aumentar, se Joaquim Barbosa aceitar o desafio.  Vale, enquanto é tempo, alinhar um elenco  de cuidados que precisam  tomar, entre outros, se pretendem sustentar suas pretensões:“Ver a floresta e não as árvores.
Evitar a pregação das desvantagens do socialismo esquecendo suas vantagens e, ao mesmo tempo, os inconvenientes do capitalismo sem seus benefícios.
Dirigismo sem direção não leva a lugar algum.
Longas omissões superam súbitas conversões.
Ouvir apenas o coro das louvações é fatal.
Não saber misturar os temperos na panela não impede verificar  se a comida está ou não bem temperada, assim como não é necessário ser cozinheiro para apreciar uma boa refeição.
Impedir que oscile o pêndulo da paixão política.
Abandonar  a inocuidade do grito que pretende assustar alguns e comprometer  outros.
Os cemitérios estão cheios de insubstituíveis.
Melhor enfrentar do que contornar.
Perceber que a  roda da fortuna é  caprichosa.”
Faz quase cinqüenta anos que esses e  outros avisos   para quantos pretendem lançar-se na disputa presidencial foram alinhados por um  candidato, numa série de cartas que escreveu a quem pretendia e  conseguiu obstar-lhe o caminho até a presidência da República. Ironicamente, era o  melhor dos candidatos, quando cotejado com os concorrentes daquele momento. Talvez pelo brilho de sua personalidade,  criou muito mais adversários e desafetos do que conquistou aliados, vendo frustrado seu sonho de governar o país.
Falamos de  Carlos Lacerda, que nos idos de 1965 buscava disputar uma eleição que, conforme vaticinou Hélio Fernandes, não  ia acontecer. Suas cartas, muitas, eram dirigidas ao primeiro general-presidente, por sinal marechal, Castello Branco. A leitura atenta de todas revela a obstinação do signatário em sustentar uma  candidatura que começava a ser  vetada pelos chefes militares.  No final, chegaram  ao rompimento e até ao destempero, sendo Carlos Lacerda atropelado pela própria resistência  diante da política econômica do primeiro governo dito revolucionário, comandada por Roberto Campos.
Estes comentários devem-se à continuação de um trabalho que venho desenvolvendo há décadas, a respeito da História do Brasil contada por jornais e  jornalistas. Dois volumes já foram publicados pela Editora Record, no ano Dois Mil, sob o título geral de “O Brasil Sem Retoque”, abrangendo o período de 1808 a 1964. Encontram-se quase terminados mais dois, referentes aos 21 anos do regime militar. A sacrificada e obviamente incompleta pesquisa  tem-me levado a lembranças  e a descobertas singulares. De quando em quando não resisto à  tentação de adiantar nesta coluna  detalhes e  coincidências que reafirmam  a  mesma conclusão  milenar de nada de novo acontecer  sob o sol. Se quiserem, também,  de que o passado é o nosso maior tesouro, não porque nos dirá o que fazer, mas precisamente pelo contrário: sempre mostrará o que evitar...

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