As homenagens a atores que estiveram no epicentro dos porões da Ditadura Militar instaurada no país com o Golpe-Civil Miltar de 1964 vêm produzindo grandes polêmicas. Não podemos afirmar aqui que se trata, tão somente, das indisposições inerentes entre bolsonaristas e petistas. Por vezes, essa indisposição ocorre entre uma esquerda, digamos assim mais "moderada", e uma esquerda mais autêntica ou dita "radical", como ocorreu recentemente em Pernambuco, quando se criou um confronto em torno da mudança do nome de um auditório do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco, que presta homenagem a um dos expoentes da Ditatura Militar, Carlos Maciel.
O homenageado, na condição de interventor do Movimento de Cultura Popular, esteve organicamente vinculado às tessituras antidemocráticas, antirrepublicanas, revanchistas e persecutórias que culminaram com a demissão do educador Paulo Freire da Instituição. Não deixa de ser curiosa essa convivência, uma vez que, hegemonicamente, o Centro de Educação seguiria uma orientação político\ideológica identificada com o pensamento do educador pernambucano, exaltando-o em diversos momentos. Há, até, um núcleo de estudos dedicado ao conjunto da obra do educador, que produziu reflexões importantíssimas no campo da educação, que não se limitaram unicamente ao país, alcançado o conjunto do continente latino-americano.
No Ceará, o governador Elmano de Freitas, determinou que o mausoléo Castelo Branco, um emblemático representante da Ditaduta Militar, fosse retirado do Palácio da Abolição, sede do Governo do Estado. Para lá, deve ser transferido, nas palavras do próprio governador, os restos mortais daqueles que lutaram contra a instituiçaõ da escravidão no estado, a exemplo Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar. Ponto para Elmano de Freitas. Antes mesmo da assinatura da Lei Áurea, em razão de atitudes corajosas como a tomada por Francisco José do Nascimento - que se recusou a fazer o trajeto de jangada dos escravizados que o estado transferia para outras unidades da federação - o Ceará tornou-se um porto seguro para os escravizados que fugiam do cativeiro. Muitos deles saíram de Pernambuco, clandestinamente, em excursões ou fugas organizadas pelo Clube do Cupim.
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