Publicamente se sabe que o próprio presidente Richard Nixon encomendou à CIA um golpe de Estado no Chile, com o propósito de depor o presidente socialista Salvador Allende. Até recentemente, escrevemos um longo texto sobre aquele país, onde abordamos como a extrema-direita vem, aos poucos, fustigando o Governo do presidente Gabriel Boric. Boric faz um governo de concertação, cedendo sempre, criando as condições ideias para os extremistas voltarem ao poder em algum momento. Trata-se, infelizmente, de uma situação bastante parecida com a nossa, onde o Legislativo deseja empurrar, goela a dentro, uma reforma administrativa de perfil neoliberal ao Executivo.
Isso sem falar nas crescentes cessões de espaço na máquina para próceres representantes do Centrão, alguns deles já envolvidos em práticas de caráter pouco republicanas. O aludido artigo, muito focado nas experiências relatadas por um filósofo francês que ministrava aulas naquele país até recentemente, suscitou o interesse de um pesquisador, que fez a gentileza de nos encaminhar alguns papéis dos mais importanres sobre as tessituras golpistas que culminaram com a derrubada do presidente Salvador Allende.
A Dina, a Polícia Política de Pinochet, perseguiu homens ligados ao presidente Allende até no exterior, conforme foi o caso de Orlando Letelier Del Solar, assasinado nas barbas da Casa Branca, em Washington. São papéis dos mais importantes e estão sendo extremamente úteis para entendermos melhor como se deu a trama para derrubar Allende, ou seja, como as manobras autoritárias foram urdida nos bastidores. Para ser mais condizente, nas estertores. O último texto que li trata de uma reunião secreta entre políticos, militares e empresários, na Europa, com o objetivo de afinar o violino golpista.
O fato nos fez lembrar de uma situação nossa, bem pernambucana aliás, quando um militante do Comando de Caça aos Comunistas, o CCC, um sociólogo conhecido internacionalmente e um vice-governador de estado se reuniam num insuspeito colégio de freiras para participarem das urdiduras que culminaram com o Golpe Civil-Militar de 1964. Numa evidência de como estamos distante de superarmos esse imaginário, um governador de estado resolveu fazer uma homenagem a um ilustre representante desse período nefasto que o país enfrentou a partir de então.
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