Amanhã, dia 31, está agendada a audiência do general Gonçalves Dias na CPMI dos Atos Antidemocráticos. O general, que dirigia o GSI à epoca da invasão da sede dos Três Poderes, em Brasília, tornou-se, para a oposição, uma peça-chave para se entender, de fato, os acontecimentos daquele dia fatídico, onde hordas de bolsonaristas enfurecidos tentaram criar as condições ideais para solapar as instituições democráticas do país. Por "condiçõe ideais" aqui entenda-se instauração do caos, abrindo espaço para uma intervenção militar. Até a minuta do golpe já estava pronta, conforme depois ficaria constatado. A invasão dos Três Poderes seria o pretexto para executá-la.
Durante audiência na CPM do Distrito Federal, que tem o mesmo objeto de investigação, o general Gonçalves Dias falou bastante, sempre de maneira cortez, urbana, colaborando enormemente com os trabalhos daquela comissão. Durante sua fala, o general enfatizou bastante os problemas relativos aos informes emitidos pelos órgãos de inteligência. Seria como se tais relatórios não dimensionassem corretamente a gravidade da situação. Durante uma audiência e outra, a CPMI da Câmara dos Deputados teve a oportunidade de ouvir um ex-diretor da ABIN, cuja fala não ratifica as impressões emitidas pelo general Gonçalves Dias. O ex-diretor é um profissional de carreira, com uma longa ficha de trabalhos executados na agência. Um técnico, sem vinclações políticas. Não teria motivos para mentir durante uma audiência pública.
Este deve ser um dos temas enfatizados e naturalmente bastante explorado pelos parlamentares da oposição, que devem pular em cima do pescoço do general assim como uma alcateia de lobos famintos. Eles continuam batendo na tecla de que a tentativa de golpe teria sido uma armação do Governo Lula. Mesmo com todos os fatos demonstrados até aqui, eles insistem nessa narrativa. Ontem, por exemplo, durante a oitiva do comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, repercutiu bastante os batalhões da Guarda Nacional, estacionados próximo ao Ministério da Justiça, e que só teriam sido acionados apenas depois das invasões. O general costuma falar e conduzir-se por procedimentos republicanos e urbanos. Difícil saber como reagirá a uma audiência tão hostil. Infelizmente, talvez recorra ao direito de permanecer em silêncio.
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