A democracia brasileira vive um momento de inflexão. Ou vai ou racha. A corda está esticada, como sugerem alguns órgãos de imprensa, reproduzindo a narrativa de alguns atores estratégicos nesse jogo entre democracia ou barbárie. Todos os brasileiros e brasileiras teriam a obrigação de saber o que significa a perda dos referencias democráticos entre nós. Antes de sair por aí, irresponsavelmente, pedindo intervenção militar. Ao longo dos últimos anos - principalmente a partir de 2013 - os estragos produzidos contra as nossas instituições democráticas são visíveis e os entulhos autoritários só serão completamente removidos com muito esforço. Nem mesmo a Constituição Cidadã e Republicana de 1988 conseguiu tal proeza.
A prisão da cúpula da Polícia Mililtar do Distrito Federal pode ter sido o epicentro desse embate, a julgar pela reação dos corporações militares, incomodadas com as ações determinadas pelo STF. Quisera estivéssemos numa democracia plenamente consolidada e as próprias corporações militares dariam o bom exemplo de punir, com o rigor necessário, aqueles que atentatam contra as instituições democráticas do país. A corda esticada aqui pode ser interpretada como uma perigosa e preocupante postura corportativa.
Talvez por conviver constantemente diante desses solavancos institucionais - num ambiente democrático que pode ser atingido por um míssil lançado pelo Twitter - outro dia ficamos impressionados quando assistimos um filme, onde um comandante militar aplica uma repremenda num militar subordinado que havia desobedecido uma autoridade civil. Em tom enérgico, o comandante afirmava que o subordinado havia cometido uma falta grave, ao não acatar a determinação de uma autoridade civil. Por aqui, infelizmente, as coisas não funcionam assim.
A Polícia Federal reúne informações e provas insofismáveis de que membros do alto escalão militar estiveram no epicentro das tramas autoritárias contra as nossas instituições democráticas, além de atitudes irregulares em seu ofício na condição de servidores do Planalto. Não existe outra alternativa que não a de puni-los. Encrencado até a medula, seria bastante prudente, em tais cricunstâncias, que o ex-ajudante de ordens abrisse logo essa caixa preta do tal Rolex. Seria muito interessante vê-lo cantar como um canário belga durante uma sessão da CPMI dos Atos Antidemocráticos.
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