Editorial: Mauro Cid é ouvido pela Polícia Federal.

O tenente-coronel Mauro Cid está sendo ouvido, neste momento, pela Polícia Federal. Não acreditamos que possamos avançar  nas investigações a partir desse depoimento por uma razão simples: Muito provavelmente, ele permanecerá em silêncio. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República durante o Governo Bolsonaro, tem mantido um silêncio supulcral. Para piorar a situação, segundo uma colunista conhecida, a Polícia Federal teria perdido alguns dados de áudios envolvendo alguns dos fatos investigados. Há de se respeitar a posição do militar, possivelmente orientado por sua defesa, mas, mesmo assim, a PF tem descorbetos coisas nebulosas, como uma eventual movimentação financeira num contexto inusitado: com o militar já depois de preso. 

Desta vez, segundo comenta-se, a outiva diz respeito às declarações do hacker de Araraquara, Walter Delgatti Neto, durante audiência na CPMI dos Atos Antidemocráticos. Aliás, até este momento, o hacker foi quem mais falou, criando embaraços, inclusive, para o ex-Ministro da Defesa do Governo Bolsonaro, no que concerne às urnas eletrônicas. O hacker fala de encontros no Ministério da Defesa para tratar da segurança das urnas eletrônicas. Salvo melhor juízo, num desses encontros ele teria mencionado o nome do ex-ajudante de ordens. 

A CPMI entra numa fase decisiva e, a cada momento, recrudesce as animosidades entre Governo e Oposição. Irá concluir seus trabalhos num ambiente de quase nenhum consenso construído entre esses parlamentares. As confusões protagonizadas no último encontro dão bem a dimensão do problema.