pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Datafolha aponta permanência da polarização entre lulistas e bolsonaristas.
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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Editorial: Datafolha aponta permanência da polarização entre lulistas e bolsonaristas.


Em alguns casos, como este, convém sempre mensurar a temperatura das ruas para confirmar aquilo que, intuitivamente, podemos observar no nosso cotidiano. Há uma centrífuga de polarização na política brasileira que, literalmente, mói qualquer iniciativa que surja no horizonte propondo uma alternativa de terceira via, ou seja, algo que aponte para além do que representam o lulismo e o bolsonarismo para o país. Nas eleições presidenciais passadas, um candidato quase entrou em desespero, tentando, de todas as formas, evidenciar os equívocos de ambas as plataformas políticas, se colocando como alternativa ao eleitorado. Tudo em vão. A refrega produziu um efeito tão dantesco que ele hoje é um poço até aqui de mágoas.  

A pesquisa divulgada pelo Datafolha, apontando que 30% do eleitorado é lulista, enquanto 25% são bolsonaristas indicam que tal situação terá vida longa. A quadra é tão dramática, que o candidato do PT às eleições presidenciais de 2026 pode ser o próprio morubixaba petista, mesmo com a saúde já fragilizada. Por outro lado, os bolsonaristas radicais ignoram solenemente a inelegibilidade do "mito" Jair Bolsonaro. Juridicamente, seus advogados tentam uma reversão dessa condição, através de ações movidas agora junto ao STF, o que se constitui numa luta inglória, uma vez que, dificilmente a Suprema Corte reverte decisões dos pares do STE. 

Com dificuldades inerentes no Governo,  Lula por sua vez, sugere uma radicalização dessa polarização. A ordem sugere ser radicalizar, demonizando o bolsonarismo, algo mais ou menos nos mesmos moldes das eleições presidenciais de 2022, quando a democracia brasileira precisava ser salva. Mesma estratégia utilizada pelo candidato Sérgio Massa, na Argentina, onde já se sabe o resultado. Deu o aloprado, com motosserra e tudo. Os bolsonaristas estão na Oposição, mas o Governo Lula possui algumas responsabilidades inerentes a governantes, que não podem ser negligenciadas. Nem todo bolsonarista é, necessariamente, fascista.

A falência do modelo de presidencialismo de coalizão irá produzir grandes estragos de governabilidade daqui para a frente. O Governo Lula terá que reinventar esses padrões de relações com o Congresso em pleno voo, como aquele piloto que manobra por um arremesso, diante de uma tragédia iminente. É isso ou corre-se o risco de um impeachment, diante de um Centrão cada vez mais fortalecido e hostil.           

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