pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Raquel Lyra no PT? Já combinaram com Humberto Costa?
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segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Raquel Lyra no PT? Já combinaram com Humberto Costa?



O morubixaba petista, por vezes, toma algumas decisões que deixam a gente confuso. Mais recentemente, contrariando sua base de sustentação política mais fidedigna, indicou o nome do Ministro da Justiça e Segurança Pública para ocupar a vaga deixada por Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. Para a Procuradoria-Geral da República, indicou o nome de Paulo Gonet, igualmente contratiando sua base de apoio, que teria outro nome em mente. O arranjo para susbtituir Flávio Dino, por outro lado, passa por uma manobra que pode desagradar ainda mais a sua base, ou seja, ele pode não contemporizar os insatisfeitos do PT, como também entre os socialistas, que gostariam de ver o atual Secretário-Executivo da pasta assumindo o leme. Salvo melhor juízo, este também seria o sonho do fututo membro da Suprema Corte, Flávio Dino. 

O cálculo político aqui parece ser simples. Melhor reconstituir as pontes com o Judiciário - afinal os nomes indicados é do agrado de ministros da Corte - do que atender às bases. Elas acabariam se acomodando até as próximas eleições, quando o fantasma da volta do bolsonarismo surgir no horizonte, como uma ameaça real a  assustá-las. Nesta última viagem de Lula, a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE) foi convidada para integrar a comitiva presidencial presente na COP-28. Em nome da governabilidade, a governadora mantém uma linha direta com o Palácio do Planalto, desde o início do seu Governo. Algo mais aqui diz respeito às movimentações políticas da governadora, o que pode indicar uma insatisfação em permanecer no ninho tucano, conforme alguns analistas estão sugerindo.  

Com isso, abre-se uma enorme possibilidade de sua saída da legenda, apesar de integrar a safra de novos governadores eleitos no último pleito, que poderiam ingetar sangue novo na legenda tucana. Raquel já teria feito acenos para o PDT, segundo dizem com o sinal verde de Lula, assim como ao PSD, de Gilberto Kassab, partidos que integram a base aliada do Governo Lula. Como se sabe, recentemente o PSDB conduziu o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo ao comando do partido, prometendo mudanças substantivas para o grêmio voltar a ocupar os espaços políticos que ocupou em outras épocas, quando elegeu até Presidente da República por dois mandatos, caso de Fernando Henrique Cardoso.  

Perillo propõe, inclusive, que o partido lance nomes às prefeituras das principais cidades do país, o que deve incluir o Recife, naturalmente. Outro dado curioso é que o partido definiu que irá fazer oposição ao Governo Lula, com quem Raquel Lyra mantém cordiais relações. Durante a viagem em que estiveram juntos, circulou a informação de que o morubixaba petista teria convidado a governadora a ingressar no PT. Caso isso se confirme, estamos diante de uma situação que pode trazer alguns complicadores no que concerne às próximas eleições municipais no Recife, onde o Planalto cativa alguns aliados mais póximos, como é o caso do atual prefeito, João Campos(PSB-PE), que é candidatíssimo à reeleição. 

No momento, trata-se apenas de especulações. Possivelmente Raquel Lyra alimenta expectativas de um projeto de reeleição em 2026, o que significa que deve bater chapa com o hoje prefeito do Recife, João Campos. Criar embaraços para João já nas eleições municipais do próximo ano seria de bom alvitre e é essa a leitura que se faz quando a governadora "assedia" partidos de sua base de sustentação. O projeto seria enfraquecê-lo até lá. Não permitir sua reeleição em 2024 seria o ideal, mas aqui estamos tratando de uma missão quase impossível, em razão do grau de aprovação da gestão. 

Outra questão diz respeito aos arranjos internos do PT local, praticamente sob o controle do grupo do senador Humberto Costa. Humberto sempre foi o grande farol de Lula no Estado. Articulações políticas em tais dimensões, naturalmente, teriam que passar pelo seu crivo. Portanto, se é verdade que o morubixaba convidou a tucana para ingressar na legenda, vale aqui um questionamento: Está tudo acertado com o senador Humberto Costa? Se não estamos enganados, o senador chegou a ser recebido no Palácio do Campo das Princesas pela governadora. Em princípio, nada a conjecturar por aqui. Afinal, conforme afirmamos, Humberto Costa é o interlocutor privilegiado de Lula no Estado. 

Há dois meses, o Presidente Nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira, ex-Ministro da Casa-Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez uma aposta bastante inusitada. Ciro afirmou que o PT não faria um único prefeito de capital nas eleições de 2024. Não é de hoje que o partido do presidente Lula vem perdendo representatividade política nas principais capitais do país. Aliado ao PSB do prefeito João Campos, Recife se configura como uma das poucas capitais onde o partido, mesmo não sendo cabeça de chapa, pode assegurar a sua participação no controle de uma capital. 

Recife, inclusive, oferece um ingrediente que estimula ainda mais o partido a manter essa aliança com o prefeito João Campos. Depois de dois anos de mandato, o prefeito arregaça as mangas para percorrer o Estado em seu projeto de se tornar governador, reproduzindo a trajetória de seu mentor político, o ex-governador Eduardo Campos. Portanto, o grande trunfo do PT, neste momento, seria assegurar que a vice ficaria em nome de alguém da legenda, pois seria uma maneira de retormar o controle do Palácio Antonio Farias. Nesses jogos de escaramuças políticas, no entanto, duvidamos muito que o prefeito João Campos possa entregar a vice a um grupo político afeito às circunstâncias de momento, suscetível a priorizar projetos individuais em detrimento de acordos coletivos. A observação acima circunscreve-se às alas oligárquicas e burocráticas, hoje no comando da legenda. Os núcleos de base ainda preservam os princípios que nortearam a fundação do partido, na década de oitenta do século passado.

Para entender melhor o texto acima, você precisa ler também uma postagem onde abordamos o processo das eleições internas entre os tucanos, que culminou com a condução do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo para a Presidência Nacional da Legenda. O texto pode ser lido por aqui.      

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