É neste contexto que não se entende como Lula, num encontro com a juventude do partido, observou que se orgulhava de ter indicado o primeiro ministro comunista ao Supremo Tribunal Federal. Essa identificação do senhor Flávio Dino, com o comunismo não passa de uma mera "demarcação" ideológica, talvez partidária, uma vez que ele militava na agremiação do PCdoB. Quando muito. Salvo honrosos companheiros da academia que, de fato, ainda mantém uma fé inabalável nas ideias comunistas, em sua maioria, os comunistas da academia não ultrapassam os limites das linhas de pesquisa.
É uma esquerda que mora em Casa Forte - o bairro mas chique do Recife, para tomarmos uma referência local, uma vez que também poderia ser o Leblon - integram a burocracia pública, em alguns casos ocupando cargos de confiança; usam Paulo Freire como uma grife de "escudo ético"; mantém suas redes azeitadas e, circunstancialmente', produziram trabalhos acadêmicos usando referenciais teóricos de esquerda. Nada além disso. Adoram caviar, whiskes envelhecidos e la dolce vita da pequena burguesia. Tornam-se pessoas perigosas, posto que permeáveis a qualquer ambiente político, desde que seus privilégios sejam preservados. A defesa de projetos coletivos é só enquanto tais interesses atendem às suas ambições pessoais.
Essa retórica enfática de Lula só faz um sentido: talvez fortalecer seus vínculos como sua base de apoio mais renhida. Provocar bolsonaistas, neste momento, talvez não seja uma atitude das mais prudentes. Hoje, o jornalista Josias de Souza discute o assunto em sua coluna, observando o tratamento dispensado pelo morubixaba petista em encontros recentes, como no momento da entrega de obras no Espírito Santo ou na largada paulista das eleições municipais, quando esteve com o candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, do PSOL, além do seu Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de quem se especula que seja o herdeiro do seu espólio político.
Pelo andar da carruagem política, fica evidente que a retórica da polarização política deve alimentar o ânimo da militância nas próximas eleições. A municipal de 2024 e a presidencial de 2026. Existe um "lado bom" - que não vai muito bem, por sinal - e um "lado demoníaco" que deve ser evitado a todo custo. Convém, porém, ficar atento ao que ocorreu na Argentina, onde um aloprado venceu as eleições pilotando uma motosserra como símbolo de campanha. E ganhou com uma folga bastante relativa.
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