Nomeado Ministro da Justiça e Segurança Pública, então, Dino, entreabriria a porta da Suprema Corte. Era só uma questão de tempo. Tempos quentes, aliás, o que pode ter precipitado a sua indicação ao cargo, como sugerem algumas análises. A sabatina ocorreu sem atropelos, ajudada pelas manobras regimentais e o engajamento do Governo na missão de conseguir sua aprovação a qualquer custo. Alguns veículos de comunicação estão tratando o assunto como uma vitória do Governo Lula. Não deixa de ser, mas há um certo entusiasmo desmedido aqui. Dino deve ter feito um esforço pessoal danado para conter os ânimos quando provocado pelos bolsonaristas, mas estava em jogo uma estratégia fundamentalmente importante para viabilizar o seu nome. Convém não esquecermos, no entanto, que um tratoraço atropelou o regimento interno da Casa, ao abrir a excepcionalidade de uma sabatina conjunta. Pegou muito mal a manobra.
Há quem diga até que aquele juiz da Lava-Jato teria votado a favor da indicação. Afinal, o voto é secreto. Deu o placar das previsões do Governo, que estimava que o indicado obtivesse de 47 a 51 votos. O engraçado ficou por conta da afirmação daquele senador que é instrutor da Swat, ao sugerir que a Polícia Federal havia sido aperelhada e que haveria cinquenta agenres em cada Estado da Federação, apenas para monitorar o que as redes sociais diziam sobre o Ministro da Justiça.
Sinceramente? depois de um certo momento, consideramos pouco provável que o morubixaba petista indicasse o Ministro para a Suprema Corte. Para aqueles petistas que consideravam que a manobra poderia minimizar a zona de desconforto entre Governo e Oposição, tal indicação foi considerada uma provocação pelos bolsonaristas. Mesmo no STF, Flávio Dino continuará a ser objeto da ira bolsonarista, o que significa dizer que a zona de desconforto entre Governo e Oposição, longe de ser arrefecida, pode ser até ampliada.
O trabalho funcionau, como juiz, apresenta as vantagens da tranquilidade financeira até a aposentadoria compulsória, menos exposições etc. Indicado para a assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, Dino chega ao ápice da carreira como juiz. Mas, quem vem acompanhando Dino nos últimos anos percebe, nitidamente, que a adrenalina que ele gosta vem mesmo da política. Em nossa modesta opinião, ele vai sentir falta da atividade política rapidamente. Um eventual afastamento prematura do cargo, ao longo dos próximos anos, como ocorreu com Joaquim Barbosa, não está descartada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário