Países que passaram por experiências autoritárias, caso do Brasil, Chile e Argentina, costumam, por razões óbvias, possuírem um aparato de segurança pública com tendências violentas, talvez como reflexo daqueles tempos, onde, como advertia o saudoso Pedro Aleixo, o guarda da esquina tinha plenos poderes para baixar a lenha. Ontem estávamos lendo uma matéria sobre os artifícios utilizados por algumas corporações militares para burlar o uso das câmaras nos uniformes, que foram instaladas com o propósito de filmarem suas ações, minimizando eventuais violações de direitos e excessos nas operações de abordagem.
No Chile, os antigos carabineiros, polícia que atuava no período sombrio da Ditaduta do general Augusto Pinochet, mantiveram seus instintos de perversidades quando são requisitados para repremirem mobilizações populares nos dias atuais: Ao empregaram as polêmicas balas de borrachas, miram sempre nos olhos dos homens ou nas partes íntimas das mulheres. Mal assumiu o Governo na Argentina, o aloprado Javier Milei editou um pacote de medidas visando proibir manifestações contra o seu governo, onde se prevê a proibição de piquetes, além da exclusão dos indivíduos dos programas de concessão de recebimentos de benefícios sociais do governo.
O pacote foi batizado de AI-5 do Milei, numa alusão ao nosso famigerado Ato Institucional Número 5, que representou uma espécie de golpe dentro do golpe durante o Regime Militar. A população do país andino saiu às ruas justamente para protestar contra esse pacote de medidas. Assim como no Chile, diferentemente do Brasil, a população daquele país não costuma se intimidar com bravatas, a julgar pela coragem das Mães da Praça de Maio, que cobraram durante décadas aos militares o paradeiro dos filhos desaparecidos durante a ditadura militar naquele país.
Governos fracos, sem um consenso razoável nas instituições, diante de graves dificuldades econômicas, não raro, procuram apoio dos militares. É o que está ocorrendo na Argentina, onde Javier Milei já declarou que governará com os militares. Durante uma ação humanitária de socorro às vítimas de uma enchente, Javier Mileir apareceu nas imagens usando uma farda militar, o que suscitou muita polêmica. A Argentina está se transformando num laboratório de experimentos de governo de extrema-direita ou, como desejam alguns analistas, num modelo de democracia iliberal, com vários e indesejáveis viéses, inclusive o autoritário.
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