Nesses tempos estranhos que o país atravessa, a expressão "comunista" voltou a ganhar ares de uma ampla discussão, seja pela imprensa, seja pelas redes sociais. O debate veio à tona no bojo da "demonização" emprestada ao termo pelas ordas bolsonaristas radicais, principalmente ao consorciar o Governo do PT às "ditaduras comunistas" do continente, a exemplo de Cuba, Nicarágua e Venezuela. Na realidade, na versão dos mais exaltados bolsonaristas, o país já enfrenta uma "ditadura comunista" com o Governo do PT, o que se constitui, convenhamos, num grande exagero.
Por cautela, para não atiçar ainda mais os ânimos, sugerimos ao morubixaba petista deixar de gabar-se de ter nomeado um comunista para STF. Alguém sugeriu que até neste aspecto ele havia se equivocado, uma vez que a Corte já contou com membros versados na obra do filósofo alemão, Karl Marx, capaz de citar suas teses com regularidade. Estamos hoje tratando, na verdade, de uma corruptela teórica, muito distante dos tempos da guerra fria, da extinta União Soviética, das guerras continentais, como as ocorridas no continente asiático e africano, onde, as duas grandes potências da época acabavam se engalfinhando através dos seus satélites. Por uma dessas ironias da História, a depender do desenrolar dos fatos, o desenho de outrora começa a se esboçar neste projeto do presidente Nicolas Maduro em anexar parte do território da Guiana. Mas, como informamos, uma excepcionalidade.
A própria História, a partir da experiência do Socialismo Real, tratou de evidenciar que algumas teses propostas pelo velho Marx se mostrariam inconsistentes na prática. Talvez devêssemos nos preoupar, hoje, isso sim, com as chamadas democracias iliberais, eivadas de vicios representativos, agendas protofascistas, de viés autoritário. Lembram do ultradireitista eleito recentemente na Argentina? Já anda proibindo manifestações contra o seu Governo. Alguém hoje observou que o próprio Flávio Dino, ao receber sua indicação ao STF, sugeriu que os mais distintos atores, dos mais dísperos espectros políticos maranhense apoiaram sua indicação ao cargo. Inclusive gente do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nem precisava tanto esforço retórico, uma vez que bastaria ele observar que velhas raposas sarneizistas estiveram com ele no projeto de implantar uma "República Comunista" no Estado do Maranhão.
Alguns bolsonaristas parecem ter perdido o senso da realidade. A expressão acima é extraída de um livro do sociólogo Gilberto Freyre, quando se refere à sua condição de sociólogo. Como se sabe, o grande projeto de vida do autor de Casa Grande & Senzala era se tornar um escritor. Uma de suas biógrafas, Maria Lúcia Pallares-Burke, que teve a acesso irrestrito à sua biblioteca durante quatro anos, percebeu seu grande interesse por romancistas e poetas americanos e ingleses, o que, certamente, deve ter sido importante para o exercício do seu papel como mentor literário do amigo José Lins do Rego.
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