Quem vier a ser indicado para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública sabe que terá uma tarefa complicada pela frente, ou seja, enfrentar a tropa de choque do bolsonarismo, disposta a encontrar cabelo em ovo para desgastar o ocupante da pasta. Isso sem falar nas convocações sistemáticas a prestar depoimentos nas comissões do Legislativo, algumas delas sob controle da Oposição. Pauta de gênero, segurança pública, direitos humanos, agronegócios, são assuntos nevrálgicos na agenda bolsonarista, daí se entender porque os ocupantes de pastas que lidam com tais assuntos se tornarem alvo das investidas do grupo.
Flávio Dino ainda não foi homologado para assumir a sua cadeira na Suprema Corte - rito complicado desta vez, programado para o dia 13 - e já começa a aparecer no retrovisor das indisposições políticas dos bolsonaristas, o próximo algo, ou seja o Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida. Na realidade, para sermos sinceros, isso já está ocorrendo há algum tempo. Até vítima de lacrações o ministro se tornou. Nesta sua última audiência na Câmara dos Depuados, por convocação das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o embate ficou configurado, sobretudo em razão das respostas contundentes do ministro aos parlamentares ligados ao bolsonarismo. Como sempre, em situações assim, não se chega a bons termos. Tiveram que interromper a sessão em razão do tumulto provocado.
Há quem afirme que a indicação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal teria passado por esse cálculo, ou seja, nas duas horas de conversas entre o ministro e o morubixaba petista, tal assunto teria vindo à tona. Naturalmente que existiram outros cálculos aqui, possivelmente mais estratégicos e definidores de sua escolha para a Suprema Corte. Até porque, conforme afirmamos antes, a tropa de choque logo escolheria um outro alvo para os ataques. Infelizmente, a reserva moral do Governo Lula é o alvo da vez na estande de tiro bolsonarista.
P.S.: Contexto Político: Estávamos mantendo hoje um diálogo com um experiente professor da UFPE. Em certo momento ele observou um outro cálculo na escolha de Flávio Dino para o STF: A sucessão presidencial de 2016, no escopo da base governista, onde o maranhense passava incomodar aqueles atores políticos que gravitam mais próximo ao morubixaba petista e que desejam serem ungidos por ele como sucessores. A hipótese não é de todo improvável. Convém ponderar a respeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário