O presidente Lula deve ter convencido a sua base de sustentação político\ideológica sobre a necessidade de abrir as porteiras da burocracia pública para o Centrão, o que implica em nomear para cargos estratégicos do Governo ex-bolsonaristas raízes. Isso tem sido uma prática recorrente, mas, em algumas situações atigem o limite do suportável, como numa recente indicação de um ex-deputado cearense, não reeleito, bolsonarista de carteirinha, do tipo mais radical, para a administrar os fundos de uma autarquia federal.
O cidadão chegou a pregar - imaginem! - uma espécie de desesquerdização da máquina, quando ainda servia ao governo anterior. Mas o rosário da tragédia não termina por aqui. Ele também propôs a adoção, nas escolas públicas, de livros escritos pelo filósofo Olavo de Carvalho e pelo coronel Brilhante Ustra, notório por sua participação nos estertores da Ditadura Militar. Pelo andar da carruagem política, vamos ter um governo esquizofrênico ou, no mínimo Franskenstein, pois não conseguimos deixar de considerar os danos produzidos para a implementação de políticas públicas de corte republicano ou voltadas para o interesse das demandas de setores específicos da sociedade, numa conjuntura como esta.
A máquina está sendo completamente "loteada". Em suas ponderações críticas, no dia de ontem, o cearense Ciro Gomes argumentou que o orçamento secreto havia sido entregue ao Centrão. O orçamento e nacos consideráveis da máquina, meu caro Ciro Gomes. Momento difícil este que o país atravessa, onde um governo de centro-esquerda precisa negociar, e muito, com setores conservadores para obter um mínimo de condições de governabilidade. Em tese, o limite seria aqueles atores que ainda poderiam estar no escopo do campo democrático, excentuando-se a extrema direita, que deveria ser isolada. Temos lá alguns dúvidas sobre as convicções democráticas de alguém que propõe o Brilhante Ustra como referência para as nossas futuras gerações.
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