Essa relação do presidente Lula com o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, sempre foi bastante questionada, por razões óbvias. Hoje o Lira está sendo comparado, pelas redes sociais, ao ex-presidente daquela Casa, Eduardo Cunha. Não se sabe qual será o desfecho dessa querela entre o Executivo e o Legislativo, mas, sabe-se, sim, dos danos que isso poderá produzir para o país, como o avanço do trator do agro negócio sobre os interesses nacionais, revertendo alguns pontos da legislação ambiental, retomando pautas do que há de mais atrasado. Naquilo que o Governo Lula gostaria de mudar -consoante o interesse do país - isso terá que ser ajustado com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Na prática, não se aprova nada sem a interferência de Lira, o que nos conduz a um semipresidencialismo não assumido. Assim, o Centrão vai amealhando cargos, emendas parlamentares, através do orçamento secreto, e mudando a legislação, tolhendo a autonomia do Governo. Numa situação limite, os pedidos de impeachment são invocados, assim como ocorreu com a ex-presidente Dilma Rousseff. Esse filme a gente já viu antes, leitor.
Pelo andar da carruagem política, por exemplo, Marina Silva já foi derrotada no tocante ao polêmico projeto de exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Estamos diante de uma iminente baixa no Governo Lula. Marina pode até deixar o cargo, mas, se sair, sai fazendo um diagnóstico preciso da situação: Estamos num processo de bolsonarização do Governo Lula, diante desse afrouxamento da legislação ambiental, com regras ditadas pelo Legislativo, esvaziando as atribuições do Executivo. Confome adverte Marina Silva, o mundo irá olhar o Brasil a partir do seu marco regulatório ambiental, independentemente de quem esteja na cadeira do Palácio do Planalto. Neste aspecto, a "motosserra" parece que ainda não saiu de lá.
Caso se descubra um novo pré-sal em território brasileiro - como algumas previsões sugerem - teremos mais escaramuças legislativas pela frente, para abrir as porteiras para a exploração de empresas americanas, flexibilização já concedida quando da exploração do pré-sal. Na CPI do MST o agro já soltou o gado contra o Governo Lula, o que deve se constituir em mais problemas pela frente. A ideia é criminalizar o movimento social e, de preferência, enquadrar o Governo por crime de responsabilidade. Nunca vi um roteiro tão aprioristicamente bem-definido.
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