pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: As enchentes do Rio Paraíba
Powered By Blogger

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Editorial: As enchentes do Rio Paraíba



Estamos acompanhando por aqui - com muita apreensão - as notícias sobre as enchentes do Rio Paraíba. Trata-se de um dos rios mais importantes do Estado, seja por sua extensão seja por sua importância econômica. O Rio nasce há mais de mil metros de altitude, na serra de Jabitacá, no Município de Monteiro, se estendendo por um longo percurso, que engloba as principais cidades do Estado, como João Pessoa, Cabedelo e Campina Grande. São relativamente comuns as suas enchentes, tendo, num passado, arrasado cidades como Itabaiana e Cruz do Espírito Santo, a terra do poeta Augusto dos Anjos, que ali foi poeta e menino de engenho.  

O açude Boqueirão conseguiu minimizar sua fúria, restringindo as eventuais enchentes a zonas específicas do seu curso. Mesmo assim, elas continuam existindo, como esta última, neste contexto de novo normal climático, onde não mais se verificam chuvas "normais". As zonas da mata, urbanas e metropolitanas de Estados vizinhos, como Alagoas e Pernambuco encotram-se diante do mesmo problema. Causou espanto a este editor observar as imagens da cidade de Pilar, berço do escritor José Lins do Rego, completamente inundada. 

A imagem nos remeteu, igualmente, às narrativas dos seus romances, onde o rio se transformava em mais um dos seus personagens. O Rio Paraíba, passa ao lado do Engenho Corredor, onde ele nasceu e ambientou seus romances. Ah! quantas lembranças! das lavagens de roupa pelas mucamas de bumbuns empinados ; das pescarias de traíras, sempre à noite, quando se torna mais fácil capturá-las, porque elas estão com fome e ativas; das plantações de inhames e batatas doce pelos trabalhadores ou posseiros do engenho; das traições com a mulher de Zé Guedes, que, no dia seguinte, selava o cavalo do patrão, sem o menor constrangimento, para Carlinhos passear pelos arredores do engenho. E, também, das já famosas à época, enchentes do Rio Paraíba, sobre as quais ele gasta muita tinta descrevendo, sem perder, no entanto, a primazia do dom de contar histórias. Nossa solidariedade ao povo nordestino neste momento difícil.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário