Houve um tempo em que o país caminhava celeremente para cumprir o objetivo de erradicar a pobreza no mundo, de acordo com uma proposição da ONU, que previa que tal objetivo fosse alcançado até o ano de 2030. Hoje, de acordo com o último relatório daquela organização, amplamente repercutido pela imprensa mundial, o Brasil volta a ocupar lugar de destaque nos dados que ali são apresentados, com 60 milhões de brasieiros e brasileiras na condição de insegurança alimentar.
Este número significa praticamente um terço da população brasileira, ou seja, um em cada três brasileiros ou brasileiras - os dados trazem até um recorte de gênero - não estão seguros sobre se terão a certeza da refeição seguinte. Os dados da ONU convergem com os dados apresentandos pela FGVS, na semana passada, onde, igualmente, aponta que o país nunca empobreceu tanto e de forma tão rápida quanto nos últimos anos.
Rafael Zavala, o representante da FAO para o Brasil, informa que estamos vivendo uma espécie de "tempestade perfeita" de fatores indutores da fome, como conflitos armados, mudanças climáticas, crise sanitária e problemas econômicos. A esses fatores, também acrescentaríamos os fatores políticos, relacionados aos resultados da adoção de um receituário de políticas ultraliberais - inclusive no Brasil - responsável direta pela perda de postos ou precarização das condições de trabalho, redução de renda, cortes de direitos. Não por caso, começamos a descer a ladeira no momento em que o Governo Dilma Rousseff(PT-MG) sofria uma espécie de torniquete político imposto pelo Legislativo - que paralizou seu Governo - desaguando no golpe institucional de 2016.
É preciso deixar claro que não se pode responsabilizar a crise sanitária gerada pela pandemia da Covi-19 como a principal responsável por essa tragédia. Inegável que ela deu sua contribuição para o agravamento do problema, mas a negligência com políticas públicas com o objetivo de enfrentar o drama da fome no país, possivelmente, foi um dos fatores mais determinantes. Faltou "vontade política".
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