pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A tensão institucional aumenta com a última Datafolha
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sexta-feira, 29 de julho de 2022

Editorial: A tensão institucional aumenta com a última Datafolha



Num país de democracia estável, o resultado de uma pesquisa de intenção de voto poderia provocar apenas duas coisas: A euforia dos partidários do candidato que estivesse liderando a pesquisa e, por outro lado, uma preocupação inerente daqueles candidatos que não estão conseguindo as condições de competitividade ideais para emparedar o líder das pesquisas. Isso num país de democracia estável, o que não é bem o nosso caso. Costumo enfatizar por aqui que, hoje, os organismos internacionais apontam o Brasil como a democracia mais ameaçada do mundo. 

Não deixa de ser curioso o fato de passarmos a olhar os números das pesquisas de intenção de voto com alguma preocupação a mais do que aquela que seria natural. O cenário de instabilidade política sugere tanta preocupação em torno do assunto, que várias questões podem estar inseridas nos seus resultados, para muito além de uma simples checagem de desempenho dos candidatos. Este é o caso desta última pesquisa do Datafolha, divulgado no dia de ontem, sobre a corrida presidencial de 2022. Lula crava 47% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, aparece com 29%, numa evidente demonstração de que, até o momento, as ações empreendidas pelo Governo para tentar reverter o quadro não estão surtindo o efeito esperado.  

Sempre me pergunto por aqui como descemos a ladeira do autoritarismo a partir de 2013, culminando com o golpe institucional de 2016. Desde então, nunca mais tivemos sossego institucional. As ameaças às instituições democráticas são veladas e explícitas, causando o repúdio veemente dos atores que estão diretamente envolvidos na salvaguarda dessas instituições, como STE, o STF, o Congresso. 

Agora é a vez da sociedade civil e da comunidade internacional se mobilizarem em torno da defesa de nossas instituições democráticas. As centrais sindicais estão preparando uma grande mobilização com este propósito. Até recentemente, a Sociedade Brasileira de Direito Público, presidida pelo professor Carlos Ari Sundfeld, da Fundação Getúlio Vargas, lançou uma carta, assinada por empresários, em defesa de nossas instituições democráticas. As reações em contrário a esta iniciativa - traduzida em invasões hackers e falas inoportunas e descabidas - dá bem a dimensão do ambiente político em que estamos metidos.  

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