O que não falta no Governo Lula são diagnósticos equivocados sobre os reais problemas de comunicação enfrentados, o que vem produzindo prejuízos consideráveis em sua avaliação. Há uma tendência preocupante de declínio nessa avaliação, já devidamente evidenciada por mais de um instituto de pesquisa, para que não pairem dúvidas sobre o assunto. Ontem foi a vez do Datafolha confirmar o que já havia sido verificado pelo Quaest\Genial e pelo Paraná Pesquisas. Acossado pelos números desfavoráveis, há alguns meses das eleições municipais de 2024, o morubixaba petista resolveu fazer uma reunião de ajustes com a equipe, onde cobrou maior empenho dos subordinados no sentido de divulgarem as ações de suas pastas, inclusive pelos seus canais das redes sociais.
A narrativa da "agenda conservadora", encampada pela oposição bolsonarita, aliada às alas evangélicas e conservadoras do país avança sobre o Governo Lula sem que ele apresente alguma alternativa ou tenha como se defender, exceto, em alguns casos, usando de uma condescendência, como sua posição de vetar qualquer manifestação de órgãos do Governo no sentido de protestarem contra os 60 anos do golpe Civil-Militar de 1964, o que desagradou profundamente segmentos progressistas de sua base de apoio, ou seja, os apoiadores orgânicos.
As pesquisas internas do Palácio do Planalto sugeram que o mosquito da dengue talvez tenha atingido o Governo, em sua forma mais grave. A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi muito cobrada por isso. Não deixa de ser preocupante - e de fato, isso pode se refletir no humor da população em relação aos govenantes - mas nos parece que estamos diante de um superdimensionamento da questão. O mosquito não tem preferência, por exemplo, por evangélicos, que se afastam do Governo como o diabo foge da cruz. A cada nova pesquisa, evidencia-se a erosão do apoio desse seguimento do eleitorado,incitados pela pauta de costumes, utilizada com maestria pelos seus principais líderes, em boa parte identificados com o bolsonarismo.
Uma prova de fogo para o Governo será a PEC da Saidinha, aprovada por unanimidade no Legislativo, depois de passar por ajustes no Senado Federal. O Governo possui uma agenda de reconhecimento dos direitos humanos, de melhoria das condições carcerárias, de contraponto, inclusive, à cultura do encarceramento existente no país. Como conciliar esses princípios com a agenda conservadora que avança no Legislativo como um rolo-compressor sem volta? O próprio senador Jaques Wagner, sugeriu que o Governo não é necessariamente contra e que talvez não vete a tal PEC. O problema, portanto, com a avaliação do Governo Lula é estrutural. Ele está sendo corroído pela agenda conservadora em curso, num dos melhores momentos da oposição radical.
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