pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A "cara" da direita no país?
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sábado, 30 de março de 2024

Editorial: A "cara" da direita no país?



Os políticos, salvo algumas exceções, temem assumir uma condição de extremistas, seja de esquerda, seja de direita. Essa questão é tão complexa, que mesmo ditadores renhidos posam de democratas ou não assumem abertamente a sua condição de ditadores, conforme se observa nos modelos de democracias iliberais, como é o caso da Rússia e da Hungria. O próprio termo "iliberais" é uma espécie de eufemismo. É possível que possamos inserir tal atitude no contexto do cálculo político, como ocorre em São Paulo, quando, por exemplo, o atual prefeito, Ricardo Nunes, que concorre à reeleição, evita assumir a condição de um candidato de direita ou extrema-direita, preferindo a adjetivação de "conservador".  

Embora recebe de bom grado os votos dos radicais bolsonaristas, Nunes dá sempre um jeito de se colocar como um político de centro do espectro ideológico. Salvo melhor juízo, as reticências à indicação do nome do coronel Mello Araújo para compor a sua chapa. Mello é um bolsonisrta raiz, ex-comandante da temida Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, o grupo de elite da Polícia Militar de São Paulo. Melhor perfil bolsonarista impossível. Não está em jogo os acordos partidários firmados entre MDB\PL de que o nome deve ser indicado mesmo pelo PL, com o aval de Jair Bolsonaro, mas melhor seria um nome menos polêmico. É preciso, no entanto, convencer Jair Bolsonaro, que tem no coronel Mello um parceiro de longas datas, que teria feito, segundo ele, um excelente trabalho quando foi indicado para assumir a CEAGESP. 

Não deixa de ser interessante o ex-presidente considerar a sua eficiência enquanto gestor público como critério para indicá-lo como vice na chapa de Nunes. Nunes, no entanto, não precisou de grandes esforços para convencer a bancada de vereadores tucanos de São Paulo de que é um homem de centro. Como a direção do partido não definiu o apoio ao projeto de reeleição do prefeito, a bancada de 08 vereadores ameaça debandar da legenda. 

Segundo estimativas dos próprios institutos de pesquisa, 30% do eleitorado brasileiro se declara essencialmente de direita. Um contingente nada desprezível, convenhamos. Sugere-se, entretanto, que a postura desse grupo afugentaria um eleitorado menos propenso à radicalização, o que preocupa homens públicos como o atual prefeito da capital paulista. No final, a equação é simples. É bom contar com o voto desses eleitores, sem arcar com o ônus de uma identificação demasiada, o que pode ser bastante explorada pelos adversários políticos, como, aliás, já vem sendo, sobretudo na disputa paulista, onde a polarização política no país se mostra ainda mais evidente.  

Os marqueteiros de Guilherme Boulos já devem estar trabalhando as imagens de Nunes nos eventos da Paulista, associando-o, inexoravelmente, ao bolsonarismo mais radical. Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre os arranjos para as eleições presidenciais de 2026 apontam um cenário onde Lula é testado com uma leva de possíveis candidatos do campo conservador, a exemplo de Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Dos nomes testados, o de maior resiliência é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. 

A revista Veja publicou uma longa matéria tratando dessa questão, a partir das análises do pessoal do Instituto Paraná Pesquisas.  Em alguns momentos, Tarcísio de Freitas se apresenta como um cidadão humilde, com uma dívida de gratidão enorme ao ex-presidente Jair Bolsonaro, quem o lançou à ribalta, daí não se poder desconsiderar a sua posição de continuar no Palácio Bandeirantes em 2026. Por outro lado, caso seja mesmo inviável uma alternativa ao centro-direita do espectro político, ele será muito pressionado a assumir este papel que, a rigor, é dele.  

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