pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Pablo Escobar morreu no dia ontem, na Bahia.
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terça-feira, 5 de março de 2024

Editorial: Pablo Escobar morreu no dia ontem, na Bahia.


Quando o Pacto pela Vida foi implementado em Pernambuco, reduzindo sensivelmente os índices de violência no Estado até então, tornaram-se recorrentes as visitas de comissões de outros Estados da Federação a Pernambuco, com o propósito de conhecer o plano de segurança pública em vigor no Estado durante o Governo de Eduardo Campos. Com ligeiras mudanças ou adaptações específicas, muitos outros Estados da Federação acabaram por replicar o plano em sua nevrálgica área de segurança pública. Por aqueles idos, de fato, havia um plano de enfrentamento do grave problema da segurança pública no Estado. Hoje, não sei se podemos afirmar o mesmo. 

O Pacto pela Vida recebeu reconhecimento internacional pelos resultados obtidos. Havia uma "filosofia", planejamento,  estrutura, estratégias, equipes definidas, metas estabelecidas e coordenação das ações. Um dos principais artífices do plano, inclusive, havia passado por uma experiência de estudos na cidade de Medelín, na Colômbia, que havia desenvolvido um projeto bem-sucedido para o enfrentamento do problema da violência na cidade. Para atender uma promessa de campanha feitas aos seus eleitores, o próprio governador participava das reuniões de avaliação do plano, cobrando, por vezes de forma enérgica, o alcance das metas definidas. Ora premiando os agentes públicos que conseguiam atingi-las, ora afastando aqueles que não obtinham bons resultados.

E olha que, por essa época, ainda eram incipientes a participação de grupos milicianos e do crime organizado atuando no Estado, seja diretamente, seja através de suas afiliadas - que hoje se enfrentam na disputa por locais de comércio de entorpecentes - resultando na morte de desafetos rivais, como ocorreu recentemente em Itamaracá. Hoje, o mais sensato seria os gestores da área de segurança pública do Estado conhecerem as políticas públicas que estão sendo desenvolvidas em Estados como Goiás, que vem obtendo os melhores resultados na luta contra a violênia urbana. 

Mas vamos fazer aqui outra proposta igualmente interessante: Que tal se tais gestores verificassem o que ocorre com o Estado da Bahia, que hoje enfrenta gravíssimos problemas de violência urbana, tornando-se o Estado mais violento do país? Como os índices de violência cresceram tanto naquele Estado e, principalmente, como chegamos a isso. A presença de facções do crime organizado como o Comando Vermelho atuando no Estado pode oferecer alguns elementos importantes, mas o fenômeno de aumento exponencial de tais índices talvez não possam ser explicado apenas por tal variável, como se conclui precipitadamente. O Pacto pela Vida contou com este suporte de estudos e pesquisas, principalmente com integrantes do campo acadêmico. Não custa quase nada verificar as reflexões recentes dos estudantes daquele Estado sobre o assunto, em teses e dissertações que possam estar mofando nas prateleiras das bibliotecas setoriais.  

Somente no dia de ontem, dez policiais foram afastados de sus funções por envolvimento com grupos milicianos, depois de uma investigação conduzida pelo Corregedoria, o Gaeco e o Ministério Público. A estimativa preliminar é que o grupo tinha um faturamento da ordem de R$ 700 mil a um milhão por mês. Um comerciante chegou a ser morto por se recusar a pagar uma extorção de R$ 7 mil mensais. Ele tinha um depósito de gás. Um outro, que se recusou a instalar câmara de segurança em sua residência - por onde seriam monitoradas a presença de forças policiais e grupos rivais - também teve o mesmo destino.    

No dia de ontem 04\03, a Operação Responcio, desencadeada pelo Polícia Civil, num bairro da periferia da capital Salvador, Valéria, bairro vulnerável socialmente, onde o crime organizado viceja, numa troca de tiros entre policiais e traficantes, acabou morto Ricardo de Assis Gomes Oliveira, mais conhecido como Pablo Escobar, daí a nossa brincadeira na chamada do editorial. A Facção que domina o tráfico na região é uma com o nome de Katiara, comandada até então pelo Pablo Escobar. Já perdemos a conta das facções que atuam naquele Estado, não necessariamente sob o guarda-chuva das facções do crime organizado que atuam nacionalmente. O Bonde do Maluco, por exemplo, é uma facção criminosa genuinamente baiana, fundada no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Chegamos a fazer uma associação desta fação com o Comando Vermelho, mas, na realidade, elas são rivais. O Bonde do Maluco é ligado ao PCC, conforme corrigiu um "agente de Estado", em mensagem ao blog.     

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