Vamos ser francos por aqui, como fizemos no dia de ontem, ao afirmar que, a esta altura do campeonato ideológico, serão inúteis os esforços do Governo Lula ao tentar uma reaproximação com os evangélicos. Na mesma linha de raciocínio, também não se espere boa vontade dos congressistas ligados ao bolsonarismo em menter uma postura mais republicana e menos belicosa com o Governo. Eles já cruzaram a linha e estão apostando num desgaste cada vez maior, e, quem sabe, até num impedimento do presidente Lula. Os primeiros resultados dessa "sangria" do Governo poderão ser aferidos nas próximas eleiçóes municipais, onde eles tentarão ganhar mais musculatura política, liderados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo em tais cricunstâncias, o Governo não pode se furtar em atender aos convites ou convocações emenadas de comissões que estão sob a hegemonia da oposição bolsonarista mais radical, as chamadas três "B". No mesmo diapasão que foram bastante felizes ao convidar o Presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o Deputado Federal Nikolas Ferreira(PL-MG), para participar da cerimônia do anúncio de mais 100 Institutos Técnicos Federais, que serão espalhados pelo país afora, inclusive em bairros da periferia.
Afinal, para o bem ou para o mal - mais para o mal - o parlamentar está à frente de uma das mais importantes comissões do Poder Legislativo. É preciso, Lula, radicalizar neste sentido, com atitudes de conciliação e de criação de ambientes de "normalidade". O país está muito polarizado e esgarçado, com armas em punho o tempo todo, e não se constrói coisas muitos positivas em ambientes turvos assim. Como advertia o sociólogo jamaicano Stuart Hall, isso só acaba quando um dos polos esmaga o outro.
A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado teve inúmeros problemas em relação às suas convocações do então Ministro da Justiça, Flávio Dino, hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal. Salvo melhor juízo, tal comissão já aprovou requerimento para a convocação do atual titular daquela pasta, Ricardo Lewandowski. Por enquanto, na forma de "convite". O país hoje enfrenta um gravíssimo problema de segurança pública e a população precisa ouvir as autoridades públicas em torno do assunto. Preocupa quando a autoridade pública, mesmo antes da formalização da convocação, já começa a alegar problemas de agenda.
P.S.: Contexto Político: Como a população jovem não está nem aí - como diria o governador Tarcício de Freitas - para essa polarização, vejam a tietagem em torno do deputado Nikolas Ferreira.
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