A família do tenente-coronel Mauro Cid cumpriu um papel importante no sentido de fazè-lo dizer o que sabia sobre os estertores da tentativa de golpe que culminou com as manifestações do 08 de janeiro. Através de um acordo de colaboração premiada celebrado com a Polícia Federal, o militar já prestou diversos depoimentos sobre este e outros assuntos, constutuindo-se numa peça-chave para desvendar as tessituras armadas por civis e militares no sentido de atentar contra as nossas instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito.
Temos afirmado por aqui que o militar se constitui numa espécie de balisamento para a Polícia Federal conduzir suas investigações, pois, devido ao papel ocupado na Presidência da República durante quatro anos, o militar tomou conhecimento de muitos fatos relevantes. A Polícia Federal, no entanto, já dispõe de fartas provas materiais dos delitos ou crimes cometidos por agentes públicos durante aqueles dias nebulosos. Entende-se, por outro lado, as dificuldades enfrentadas pelo militar, conforme depreende-se dos diálofos vazados em conversa com um amigo e publicados pela edição da revista Veja desta semana.
Até então com uma carreira militar sem retoques, o militar poderia ter sido promovido na semana que se passou,consoante critérios como o tempo de serviço. Tal promoção não ocorreu, por decisão dos seus superiores. É como se sua carreira tivesse chegado ao fim. Uma condenação num desses processos poderá trazer consequências ainda mais severas, como uma eventual expuslão dos quadros das Forças Armadas. Não vamos desnudar todo o novelho, mas as dificuldades são de toda ordem, inclusive financeiras.
Ficamos por aqui tentando entender como anda o seu estado psicológico diante de tamanhas adversidades. Cid é um militar com formação nas forças especiais e, em tais circunstâncias, eles são treinados a suportarem inúmeros reveses. Agora fazemos como o craque Didi na Copa de 1958: Treino é treino e jogo é jogo. Talvez até jogo duplo, como suegere a matéria de capa da revista. O que acontece é que nas linhas e entrelinahas desse diálogo o militar tece alguns comentários críticos à forma como supostamente a Polícia Federal estaria encaminhado seus depoimentos, apenas para confirmar uma narrativa já consolidada sobre aqueles fatos.
Pelo andar da carruagem política, uma situação que já se enconta complicada pode se complicar ainda mais, uma vez que o militar esta sendo convocado extraordinariamente para mais um depoimento, onde deverá confirmar ou não o que esses diálogos sugerem. Sua defesa já se manifestou informando tratar-se, tão somente, de um desabafo pessoal, que em nada compromete suas afirmações durante os depoimentos prestados. Caso confirme o teor dos diálogos, Cid pode ter seu acordo de colaboração comprometido, além de voltar à prisão.
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